sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Minha responsabilidade




Recentemente, tenho visto muita gente nova no Triathlon querendo receber conselhos sobre treinos, roupas, equipamentos, hospedagem, enfim, sobre tudo que envolve uma prova de Triathlon.
ÓTIMO.

Recentemente também, tenho visto muitos atletas experientes "descumprirem" treinos, conselhos, etc. dos profissionais que os assessoram.
Cada um com seus pretextos, suas desculpas, seus problemas pessoais.
E todos jogando no colo do treinador os seus problemas, para que ele os solucione.
PÉSSIMO.

Um desses atletas... logo saberão quem é.

Colocando-me no lugar desses profissionais (incluindo o Silvão, obviamente) que têm por objetivo treinar e cuidar de seus atletas, deparei com uma historinha (ou estorinha) que diz muito a respeito.

Aqui vai...

Minha Mãe tinha muitos problemas.
Não dormia e se sentia esgotada.
Era irritada, rabugenta, azeda... e sempre estava doente.

Até que um dia, de repente, ela mudou.
A situação geral era a mesma, mas ela estava diferente.

Certo dia, meu Pai lhe disse:
- Amor, estou há três meses à procura de emprego e não encontrei nada.
Vou tomar umas cervejinhas com os amigos.

Minha mãe lhe respondeu:
- Tudo bem.

Meu irmão lhe disse:
- Mãe, eu vou mal em todas as matérias da faculdade.

Minha mãe lhe respondeu:
- Tudo bem, você vai se recuperar.
E se você não conseguir, você repete o semestre.
Mas, você paga a matrícula.

Minha irmã lhe disse:
- Mãe, bati o carro.

Minha mãe lhe respondeu:
- Tudo bem, filha.
Leve-o para a oficina, procure uma forma de como pagar e, enquanto o consertam, vá trabalhar de ônibus ou de metrô.

Sua nora lhe disse:
- Sogra, venho passar uns meses com vocês.

Minha mãe lhe respondeu:
- Tudo bem, ajeite-se na poltrona da sala e procure uns cobertores no armário.

Todos nós, na casa da minha mãe, nos reunimos preocupados com essas reações.

Suspeitávamos que tivesse ido ao médico e o mesmo lhe houvesse receitado uns comprimidos de "se virem" de 1.000 mg.
Poderia também estar ingerindo uma overdose.

Decidimos então nos reunir e conversar com minha mãe, para afastá-la do possível risco de vício em algum medicamento tranqüilizante.

Mas, qual não foi a surpresa, quando ela nos explicou:

- Demorei muito tempo para perceber que cada um é responsável pela sua vida.

Demorei anos para descobrir que minha angústia, minha mortificação, minha depressão, minha coragem, minha insônia e meu estresse, não resolveriam os seus problemas, mas, sim, exacerbariam os meus.

Eu não sou responsável pelas ações dos outros.
Mas, sim, sou responsável pelas reações que eu expresse diante delas.

Portanto, cheguei à conclusão de que o meu dever para comigo mesma, é manter a calma e deixar que cada um resolva o que lhe cabe.

Eu só posso ter poder sobre mim mesma.
Vocês têm todos os recursos necessários para resolver as suas próprias vidas.

Eu só poderei lhes dar o meu conselho, se, por acaso, me pedirem.
E de vocês depende segui-lo ou não.

Por isso, de hoje em diante, deixo de ser: a acumuladora de suas culpas, a lavadeira de seus arrependimentos, a advogada de suas faltas, o muro de seus lamentos, o depósito dos seus deveres, quem resolve os seus problemas, ou quem os substitui para cumprir as suas responsabilidades.

A partir de agora, eu os declaro, todos, adultos independentes e autossuficientes.

Todos, na casa da minha mãe, ficaram mudos.

A partir desse dia, a família começou a funcionar melhor, pois todos sabem exatamente o que lhes compete fazer.


Um dos atletas em questão sou eu mesmo.
Porém, sem jogar no colo do meu treinador os meus problemas.

3AV
Marco Cyrino