domingo, 30 de outubro de 2016

10 Coisas que um Triathleta nunca deveria dizer ou fazer


Nove destas dez coisas são calcadas em minhas experiências.
Por este motivo, recomendo que sejam absorvidas com o devido desconto, uma vez que a minha verdade não é necessariamente a sua.
Algumas, creio, são inquestionáveis.
Outras nem tanto.

Vamos a elas:

1 – Parar totalmente de treinar, por um longo período
Após uma prova de Ironman, ou após um ano de campeonato com distâncias olímpicas, com um ou outro longo no meio, muitos atletas se dão ao direito de férias.
Isso é ótimo. Eu diria imprescindível.

Porém, alguns tornam essas férias intermináveis.
Pior, as tornam uma festança. Comem de tudo, bebem de tudo, fazem tudo o que evitaram fazer durante o período de treinos e competições.

Deve-se considerar que, independente de merecer essas férias, e do esforço despendido durante todo o tempo, etc., existe uma coisinha mais importante chamada SAÚDE.
Além disso, o retorno é punk.

2 – Voltar a treinar, achando que nada mudou e que vai ter a mesma performance
Seja por opção (férias prolongadas), seja por necessidade (lesões ou compromissos importantes), é um erro fatal querer retornar aos treinos depois de um longo (ou nem tanto) tempo ocioso, tentando manter a performance de quando estava com um excelente condicionamento.
Probabilidade altíssima de frustrações e lesões.

Sabe aqueles quilos extras adquiridos durante o período parado? Aqueles centímetros a mais, quase todos na linha da cintura? Aquela resistência perdida?  Aquela musculatura meio mole?

Pois é...
Certeza de que, ao tentar fazer os mesmos tempos, em qualquer modalidade, irá se frustrar e/ou se lesionar.
Simples assim.
Volte como se nunca houvesse começado. Passo a passo.
O corpo tem memória, é certo. Mas ela é relativamente curta.

3 – Eu nunca vou fazer um Ironman
Essa é uma daquelas que não valem para todos.
Conheço alguns Triathletas que são bão pra caramba, fazem isso há muito tempo, e continuam dizendo que nunca farão um Ironman (diz aí, Edmilson).

Quando comecei no Biathlon (não vou me prolongar nesta história... prometo.... kkkk) e via meus amigos fazendo um Short, dizia que eles eram doidos e que eu nunca iria fazer aquilo.
Depois... nunca vou fazer um Olímpico.... Tudo doido....
Nunca vou fazer um Long Distance.... Tudo doido.... 
Foram... perdi as contas, mas foram mais de 20.
NUNCA VOU FAZER UM IRONMAN... estou indo para o sétimo.

4 – Eu sou fo.. (nem pensar)
Posso dar uns mil exemplos aqui, mas o que eu acho que espelha bem o tema é o seguinte: MENOS! TU NÃO ÉS PIOR NEM MELHOR QUE NINGUÉM. HUMILDADE, PLEASE.

5 – Investir apenas em equipamentos caríssimos
Eles funcionam, são bons, ajudam e tudo o mais.
Só que eles não vão nadar, pedalar ou correr por você.
Portanto, antes de investir neles, pense no que pode investir em si mesmo.

6 – Não preciso de coach
Mesmo que você já tenha conhecimento suficiente para fazer seus próprios treinos.

No meu caso, já tenho experiência suficiente para "treinar por conta própria". Também sou formado em Educação Física e, com um pouco de boa vontade, montaria meus próprios treinos.
ERRADO.
Não tenho essa capacidade. Não no momento. Não estudei especificamente para isso.
Não me preparei para o planejamento e sim para a execução.
Além disso, meu corpo muda a cada dia, a cada semana, mês e ano.
Não! Não é para leigos.

7 – Relegar uma determinada modalidade... inclusive a transição
Às vezes achamos que, porque somos melhores em determinada modalidade, podemos relegá-la e privilegiar as demais.
Engano.

Como exemplo: O cara nada muito bem e deixa de treinar natação, apostando na melhora do ciclismo e da corrida.
Na prova, o cara nada como se nunca houvesse deixado a natação de lado.
Resultado: Vai sair da água afogado e prejudicar o resto da prova.
Isso vale para qualquer modalidade.

8 – Nunca "gastar" um tempinho com musculação
E também com outras atividades saudáveis, como alongamento, Pilates e outros.

Em provas longas e em seu respectivo período de treinos, há uma evidente perda de massa muscular, principalmente devida ao grande desgaste físico.
Em temporadas de provas mais curtas e, portanto, rápidas, a força muscular exigida é grande.

Quando apenas pensamos nos treinos, sem pensar nas suas conseqüências para o nosso corpo, corremos o risco de pagar o preço mais adiante.
O corpo precisa estar em condições de ser bem treinado.
Falta de fortalecimento pode acarretar lesões. Falta de alongamento também, por encurtamento da musculatura.

A falta disso e daquilo com certeza acarretará uma performance pior do que poderia ser.
(Ah... experiência própria mesmo.)

9 – Treinar ciclismo em pelotão
Esse é um dos erros mais crassos que conheço.

É o exemplo explícito do "leão de treino".
O cara faz um treino de 100 km no pelotão e divulga em todas as mídias sociais a sua performance de 40 km/h de média.
Só que a prova real será "solo", sem vácuo.

Aí, depois da prova, vem o mimimi:
- "Aconteceu isso, aquilo, os pneus furaram, etc. e tal... daí fiz 27 km/h de média... e ainda saí pra correr travado".

A não ser que você faça prova com vácuo, esqueça pelotão. No máximo para passar a "Faixa de Gaza" (quem é da Baixada Santista sabe).

Treino é com a cara no vento.
Sou um mau ciclista. Péssimo eu não diria, mas não sou dos bão.
Mas treino meu pedal para provas solo.

10 – Abandonar família, amigos, etc.
Importantíssimo estar com a família ao seu lado. Amigos idem.
Não importa se eles estarão com você, ou você com eles. Não rompam esse vínculo.

Neste aspecto, sou privilegiado.
Minha companheira de vida, minha família (que já não é tão grande) e meus amigos sempre estão próximos e me incentivam.
Aliás, a Neuza é a maior e melhor incentivadora.

Sempre dá pra reservar um tempo para nos dedicarmos a eles e demonstrarmos nosso amor.


Este, que poderia ser o 11º item, vai de graça.
O que levaremos daqui, senão o que fizermos de bem, por nós e pelos nossos irmãos?
Então, se não puder fazer o bem, se esforce ao máximo para não fazer o mal. A ninguém.


Bons treinos a todos.

3AV
Marco Cyrino