Chegando a conclusões
Hoje,
decorridos praticamente 3 meses, depois de ter feito todos os exames possíveis
e imagináveis, e descartada toda e qualquer patologia (graças a Deus), sinto-me
à vontade para falar sobre o assunto.
Meus
exames clínicos e laboratoriais apresentaram resultados surpreendentes, em
relação ao meu estado físico.
Todos
os exames apontaram níveis absolutamente dentro da normalidade, em todas as
áreas.
Então,
por que os malditos sintomas de extrema fadiga, falta de energia, queda
imunológica?
Finalmente
tive o diagnóstico de que tanto desconfiava: Overtraining.
Mas
não um Overtraining qualquer.
Um
Super-Overtraining.
Na
verdade, um Mega-Overtraining.
Ignorando sinais e excedendo
Não
imaginava que um "verdadeiro overtraining" pudesse ser tão intenso.
Digo
"verdadeiro", porque cansamos de ouvir atletas dizerem:
-
Pô! Estou me sentindo cansado... acho que "estou com overtraining"...
vou descansar por uns 3 dias.
Eu
mesmo, em outros anos, percebi várias vezes esses sinais,
mas, alguns dias de descanso, ou apenas de alívio na intensidade e volume dos
treinos, bastavam para voltar ao normal.
Na
real, isso não é overtraining.
São
os sinais do corpo, indicando que se está a
caminho de.
Em
outros anos, respeitei esses sinais e, ainda bem, nada de ruim aconteceu.
Desta
vez não...
Pensava:
-
Quem já agüentou até aqui agüenta um pouco mais.
O
final dos ciclos de grande volume e intensidade está chegando, e depois vai ser
só alegria.
Vou
arrebentar em Pirassununga.
E
deu no que deu: foi só tristeza... arrebentei (desta vez, no sentido original da
palavra) antes de Pira.
Mas,
como Deus sempre escreve certo por linhas tortas, tirei e estou tirando
inúmeras lições desse episódio, já que sobrevivi... rsrsrs
Onde foi que eu errei?
Sempre
preconizei o esporte, principalmente o Triathlon, praticado com
responsabilidade.
Mas,
pisei na bola em diversos itens.
Primeiro - Treinos
Vinha
sempre fazendo cerca de 20% acima do volume e/ou
da intensidade prescritos pelo Ivan Yague.
Sem
que ele soubesse, óbvio.
Afinal,
estava treinando muito bem nas 3 modalidades.
Então...
Prescrição:
18 km zona 2/3.
Treino:
21 km zona 3, terminando na 4.
Por quê?
Felizmente,
se alguém se deu mal, esse alguém fui eu.
Por
quê?
Porque eu sei que é errado fazer isso!
Então
por que fiz? Porque sou burro?
Não.
Modéstia a parte, não sou burro.
Tenho
inclusive formação acadêmica na área de educação física.
Fiz
porque fiz... Estava "me achando".
Se
meu treinador fosse daqueles que prepara uma planilha e a repassa a todos os
seus atletas, talvez fizesse sentido pensar que meu treino estivesse supostamente
"leve" para mim.
Mas,
então, eu seria burro por estar com um treinador assim.
As
planilhas do Ivan são feitas de forma rigorosamente individual, para cada
atleta, adequando os treinos à sua vida profissional, pessoal, etc.
Além
do contato com o técnico, por telefone, por e-mail, ou mesmo pessoal, temos a planilha
para feedback no mínimo semanal e, se quisermos, até mesmo diário.
Digo
isto porque tenho convicção que esta é a metodologia correta.
Logo,
o erro foi exclusivamente meu.
Além
disto, adicionei treinos de força de musculação,
em minha rotina.
Meu treinador sabia? Adivinhem...
Segundo - Alimentação
Nunca
tive assessoria nutricional.
Sempre
me achei auto-suficiente para resolver essa parada.
Mas,
não sou.
Hoje,
sei que estava ingerindo, por exemplo, muito menos do que o necessário em proteínas,
e muito mais do que o necessário em carboidratos. Coloco isto apenas como exemplos.
O
fato é que realmente somos o que comemos.
Não
dá para fazer, em um ano, um Ironman, alguns olímpicos, um Meio-Ironman,
treinar para tudo isso, atender a todas as demandas da vida pessoal e
profissional, sem se preocupar com a alimentação adequada.
O
que seria uma alimentação adequada para este cenário?
Já
errei o suficiente.
Não
vou errar mais, dando "dicas" de alimentação adequada.
Isto é papo para profissionais: nutrólogos e nutricionistas.
Fica a recomendação - buscar assessoria profissional.
Terceiro - Suplementação
Conheço
muita gente ligada ao esporte, que é contra suplementação.
Uma
alimentação adequada basta, dizem.
Existem
dois tipos de suplementação: fora dos treinos e durante os treinos.
Suplementação
fora dos treinos
Não
vou discutir, até mesmo porque, novamente, é assunto para profissionais da
área.
Suplementação
durante os treinos
É
simplesmente impossível treinar para um Iron, sem usar suplementação. As
básicas pelo menos: carbos, isotônicos, etc.
Só
que, até nisto, é necessário aprender a dosar.
Exemplo
Um
atleta que tenha ingerido pouco líquido durante um determinado período, e faz
uso de um gel de carbos com alto teor de sódio e potássio.
Mas,
ingere menos líquido do que o ideal para esse gel...
Provavelmente,
ele se desidratará mais ainda, uma vez que o sódio pouco diluído acabará "arrancando"
mais líquido intracelular.
Logo,
é necessário saber com exatidão as quantidades, a periodicidade e,
principalmente, "o que" devemos ingerir durante determinados treinos.
E
também precisam ser levadas em consideração as características
individuais de cada atleta, como tamanho, peso, consumo de
calorias/hora, além das características do treino,
como tipo, duração e intensidade.
Depois,
tudo isto deverá ser transferido para a prova.
É
fácil? São poucas variáveis?
Sempre
com a melhor das intenções, nós atletas gostamos de trocar informações e
sugerir soluções, mas, o ajuste destas variáveis é matéria complexa.
Hoje,
digo com toda convicção: cada macaco no seu galho.
Se o assunto é alimentação, procure um profissional da área.
Se o assunto é treino, procure um profissional da área.
Um
treinador responsável não cairá na tentação de prescrever alimentação,
suplementação, etc.
Regra número zero
O
que serve para um atleta, não necessariamente servirá para outro.
Embora
existam conceitos certos e definidos, estes deverão ser ajustados para a
individualidade e especificidade de cada atleta, modalidade, treino, e prova.
Marco Cyrino