Dando seguimento à séria série de minhas
experiências no Triathlon, agora vem a parte da natação.
Treinos
Bom, treinos para provas
de Short, Olímpico, Long Distance e IronMan são, obviamente, totalmente
diferentes.
Vou até abreviar um pouco,
para não me tornar repetitivo (mais do que já sou).
Penso que todos que
frequentam este Blog já sabem a diferença entre essas distâncias e seus
respectivos treinos.
Então...
· Provas curtas, treinos de velocidade.
· Provas médias, treinos de velocidade e resistência.
· Provas de Long Distance, treinos de velocidade e mais resistência.
· Provas de Ironman, treinos de resistência e também de velocidade,
dependendo dos seus níveis em natação e nas demais modalidades que virão a
seguir (ciclismo e corrida).
Partindo logo para as minhas experiências...
Treinos para Shorts (750m)
É coração na boca.
Tiros de 25, 50, 100, 200
e 400m.
O importante é ganhar
velocidade para uma prova curta.
Beleza.
Só queria ganhar
velocidade, achando que fazendo isso iria ganhar de todos e de tudo.
Treinei que nem um louco,
até bater minha cabeça na parede, num tiro de 25m, em uma piscina
semi-olímpica.
Pensei que ficaria
paraplégico.
Amorteceu tudo da cintura
pra baixo.
Graças a Deus, poucos
minutos depois, voltou tudo ao normal, inclusive eu... kkk
Treinos para Olímpicos (1.500m)
Daí já não eram mais
apenas treinos de velocidade.
Eram também de
resistência.
Nessa época, estava
treinando no CT da UNIMONTE, numa piscina de 50m maravilhosa (que hoje é o estacionamento
de um atacarejo), junto com Triathletas
e nadadores profissionais (Shyro, Galindez, Poliana, Fabinho Carvalho, entre
muitos outros).
Eu, querendo acompanhá-los...
kkk... só dando risada mesmo.
Saía da piscina que nem
um bêbado, tonto (mais ainda), sem nem saber pra onde era o vestiário.
Mas, evoluí muito por
observá-los.
Inclusive, era o que eu
mais conseguia fazer: observá-los.
Treinos para Long Distance (1.900m)
Não mudou muita coisa.
Até mesmo porque a
distância de natação não é tão maior com relação aos Olímpicos.
Treinos para Iroman (3.800m)
Daí o bagulho fica punk
mesmo.
Treinar 4.000m em piscina
de 25m (sim, porque as piscinas de 50m tinham sido quase extintas) é do caraio.
Treinar resistência para
poder sair da etapa de natação numa prova de Ironman e estar bem disposto para
as próximas etapas, temos que ter muita força de vontade.
Numa piscina de 25m, que
é uma boa piscina para treinos, tentar fazer 4.000m sem parar, equivale a 80
voltas (ida e volta), ou 160 piscinas.
Haja ladrilhos pra gente
contar.
E sou muito metódico com
números.
Então ficava contando, obsessivamente,
cada piscina, cada volta completa, etc.
Ainda assim, chega uma
hora em que a gente se perde.
Já não sabia se estava na
70ª ou na 71ª volta.
Sempre preferi "roubar"
para menos e não para mais.
Devo ter dado mais voltas
na piscina do que deveria.
Mas, não me arrependo.
Navegação
É imprescindível que
tenhamos uma navegação de razoável para boa, para não ficarmos perdidos durante
o percurso em águas abertas.
Portanto, é necessário
treinar navegação, uma vez que, de tempos em tempos, teremos que erguer a
cabeça e olhar para frente para manter a direção.
Juro que já vi atletas
habituados a treinar apenas em piscina e sem se preocupar com a navegação
(afinal, em piscinas existe a "raia" desenhada no fundo) nadando
praticamente em círculos.
Isso acontece mais com
quem nada respirando apenas para um lado (unilateral) e não tem noção de
navegação em águas abertas.
Meu conselho
Mesmo em piscina, treine
algumas séries de nado "polo" (com a cabeça para fora, olhando para
frente).
Melhor ainda se, junto
com o polo, treinar nado bilateral, ou seja, respirando para os 2 lados.
Isso irá equilibrar seu
direcionamento, evitando muitas correções de rota.
Pode ser 3x1, 3x2, 3x3,
3x4, 3x5, etc.
Provas
Short: 750m
Em minhas primeiras
provas, não tive muita dificuldade, a não ser me adaptar a nadar junto com um "cardume"
de atletas distribuindo tapas, chutes e tentativas de afogamento pra tudo que é
lado.
Olímpico: 1.500m
Depois que migrei para a
distância Olímpica, fiz algumas cagadas.
Por outro lado, pude
aplicar alguns aprendizados com relação a nadar junto com o "cardume"
de atletas.
Passei a optar por não
largar no meio do bolo.
No caso de provas no mar
(como moro em Santos e tenho afinidade com ele, o mar), entrava antes da prova,
dava uma aquecida nadando e aproveitava para analisar correnteza, temperatura
da água, etc.
Com essas informações, na
hora da largada escolhia o melhor posicionamento, de um lado ou do outro do "cardume",
e traçava meu melhor percurso para fazer uma natação o mais limpa possível.
Ainda assim, em algumas
provas (como na raia olímpica da USP, onde a largada é feita com os atletas já
dentro d'água), essa estratégia de largada fica meio prejudicada.
Lembro de uma cagada que
fiz em uma dessas provas:
USP – água doce – mais
pesada – gelada.
Pensei que largando muito
forte me livraria do "congestionamento" e faria uma natação limpa,
além de melhorar meu tempo.
Só que nunca treinei isso.
Ao contrário, minhas
melhores performances sempre ocorreram começando leve e aumentando o ritmo aos
poucos.
Resultado: larguei dando
um tiro de quase 100m e "afoguei".
Demorei muito pra "desafogar"
e tentar pegar meu ritmo novamente.
Long Distance: 1.900m
Praticamente a mesma
estratégia dos Olímpicos.
Ainda assim, também por
querer fazer algo inusitado, me ferrei em uma das provas na Base Aérea de
Pirassununga, onde a água também é doce e pesada, porém não é gelada.
Lá, a largada não é de
dentro d'água e também não é longe dela.
É na margem da lagoa.
Um barranco.
É esperar quem está à
frente ir mergulhando, até chegar a sua vez.
Eu estava bem treinado.
Fiz o aquecimento etc.
Vi o Fabinho Carvalho
(atleta profissional) se posicionando para a largada e veio a "idéia de jerico"
na minha cabeça.
"Já sei. Vou me
posicionar atrás dele, praticamente colado.
Assim que ele mergulhar,
vou atrás e faço uns 50m nadando na "esteira" (é o vácuo da natação)
sem fazer muita força.
E me livro do cardume."
E assim foi.
Não contavam com a minha
astúcia.
E eu não contava com a minha
burrice.
Mergulhei tão perto dele
que, na primeira pernada que ele ou algum outro atleta na minha frente deu,
tomei um chute na boca do estômago que me deixou sem ar.
Bebi água, me engasguei,
tossi, vomitei e tive que sair pro lado, pra não ser atropelado pelos que
vinham atrás.
Maior prejuízo.
Pensei pela primeira vez
em desistir de uma prova.
Demorei muito para me
recuperar.
Acabei fazendo as 2
voltas de 950m cada, só na base da raiva.
Saí da lagoa entre os
últimos e as últimas.
Não sei como consegui
fazer um pedal e uma corrida bem razoáveis e, para minha surpresa, ainda
belisquei um trofeuzinho.
Ironman: 3.800m
Meu maior erro foi em
minha estréia nessa distância.
Meu primeiro Ironman, sem
a menor noção de como faria essa prova.
Meu único objetivo era completá-la
antes das 17 horas de prova (à meia noite).
Chegando próximo do
horário da largada (07:00h), clima frio, meio mundo fazendo aquecimento dentro
do mar em Jurerê (SC).
Eu com aquele frio na
barriga, ansioso, enfim...
Nem a pau que eu vou
gastar energia me aquecendo dentro do mar, até porque, como já disse, meu único
objetivo era terminar a prova e, de preferência, bem de saúde e com algumas
calorias ainda no corpo... rsrsrs
Também não vou sofrer 2
vezes entrando no mar frio.
Achava que todos os
outros 1.999 atletas, que iriam largar junto comigo, nadariam bem melhor que
eu.
Talvez tenha passado pela
minha cabeça que eu seria o único estreante.
Logo, por que eu iria me
estressar com posicionamento na largada?
Decidi que eu seria o
último a entrar no mar.
E assim foi.
Caso alguém
tenha uma imagem aérea dessa largada, em 2.009, verá um ser humano entrando no
mar vários metros atrás dos outros 1.999 atletas.
Esse ser sou
eu.
Bom...
Uns 200m à frente, mesmo
nadando bem tranquilo, eu estava me embolando com o rabo do "cardume".
E assim foi até o final
da primeira perna de natação.
Ao final dessa perna,
temos que sair do mar, correr uma certa distância pela areia e retornar ao mar.
Daí, já dá pra nos
posicionarmos corretamente.
Perdi mais tempo e
energia nessa 1ª perna, do que se houvesse largado com a mesma estratégia à
qual estava habituado.
Aliás, voltei a usar
minha estratégia nos outros 6 Ironman que completei e não passei mais
perrengues.
É isso, pessoal.
Espero ajudar alguém, com algumas destas dicas e
relatos das minhas experiências.
Bons treinos e boas provas a todos.
3AV
Marco Cyrino
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