quarta-feira, 1 de junho de 2011

Ironman 2011 - Etapa Florianópolis - 29.05.2011

Expectativas
Tudo pronto para meu terceiro Ironman.

Treinos concluídos pela primeira vez, com pouquíssimas faltas.
Na verdade, apenas um treino longo de 120 km de pedal foi perdido.

Exceção à regra, pois quase sempre perdemos pelo menos alguns treinos por vários motivos: trabalho, família, doenças, lesões, etc.

Nos últimos 3 treinos longos de bike, comecei a sentir o músculo anterior da coxa direita, mas nada que me desanimasse a fazer uma prova de ciclismo melhor do que nos anos anteriores.
Aliás, previa que esta seria a grande oportunidade de melhorar o tempo de prova, uma vez que em 2009 e 2010 meus tempos de pedal foram ao redor de 7h00m.

Chegada e preparação
Viagem, hospedagem (novamente na excelente Pousada dos Chás, em Jurerê mesmo), descanso, rangos, descanso, ida à Feira Iron, descanso, pedalzinho de check-up, descanso e...
Chegou o dia!

Dia de prova
Previsão do tempo específica para Florianópolis, recebida por SMS, na madrugada que antecedeu a prova: Temperatura mínima / máxima de 15°C / 22°C, nublado, sem chuva, ventos de sudoeste 18 km/h, umidade relativa de 83 a 53%.

Largada - Natação
Para quem olhava de fora, o mar estava perfeito. Ventava mas o mar não parecia muito mexido (se bem que ainda eram 6h30m da manhã).

Olhei algumas embarcações atracadas, verificando se havia correnteza.
Estavam com as proas apontadas para a esquerda, o que significava que o mar estava levando ligeiramente para a direita.

Grande “lobo do mar”... Com tantos anos de surf, e fiz uma dedução errada.
Realmente, as embarcações estavam com as proas para a esquerda devido ao vento e não à correnteza que, na verdade, estava levando para a esquerda.

Minha estratégia de natação falhou completamente.
Larguei à esquerda de todo mundo, pensando em fazer uma natação limpa até a primeira bóia.
Com 200m de água, percebi a besteira que fiz.
A bóia ficando muito à minha direita, e eu sem poder corrigir o curso, uma vez que todos à minha direita também estavam sendo levados para a esquerda.

Bom, nadei o que pude, e na segunda perna da natação não cometi o mesmo erro.
Foi muuuuito mais tranqüilo.
Saí bem da água, enquanto vários atletas eram puxados para o lado das pedras, devido à correnteza.

T1 -
Corri pela areia e passarela, ainda meio zureta da natação.
Tirei a roupa de borracha com auxílio do staff, passei pela ducha, corri para a tenda de troca, peguei as sacolas, comecei a me trocar.

Acidente
Vejo um atleta correndo em minha direção, ainda com a roupa de borracha totalmente vestida. Acho que ele estava tão “adrenado”, que nem percebeu que havia staff no caminho, para ajudar a tirar a roupa molhada.

Mas, ele vinha na minha direção.
Sentou-se em frente a mim (de costas) e começou a luta para se livrar da roupa.
Fiquei olhando e me arrumando quando, de repente, ao tentar tirar uma das pernas, a cadeira dele tombou para trás.
Segurei a cadeira para ele não cair.
Ufa! Consegui. Fiz minha boa ação do dia...POUUUUUUUU!

Cacete! O cara se levantou e bateu forte o coco... no meu beiço.

Resultado da boa ação: um pu... corte no lábio superior, um beiço inchado, e uns 10 minutos para estancar o sangramento.

Ciclismo
Saí para pedalar às 08h30m.
Até que o prejuízo não foi tão grande.
Se conseguisse fazer o pedal que esperava, estaria de bom tamanho, mesmo porque minha expectativa para a corrida não era muito diferente da do ano passado (5h28m).

Na primeira volta, estava pedalando tranqüilo embora o vento já estivesse começando a incomodar.
Minha estratégia era não parar no “special needs”, onde houve mudança de localização. Em outra oportunidade falarei a respeito.

Completei a primeira volta em 6h07m (média de quase 30 km/h), muito dentro da minha meta.

Vamos para a segunda volta, e tentar manter o mesmo ritmo.

Êpa! Quem ligou o ventilador gigante?
Ao pegar a estrada para a Beira-Mar Norte, não conseguia pedalar a mais de 23 - 24 km/h.

Pensei que na volta iria voar, com o vento a favor.

Novo acidente
Passando pelo Pedágio desativado, onde havia um dos postos de abastecimento, veio a “garrafa mardita”.
Um dos atletas pegou uma garrafa cheia de isotônico (só de raiva não vou falar a marca... rsrsrs), deu um gole e ... jogou-a para a direita, bem na minha roda dianteira.

Nessa hora agradeci por não estar com muita velocidade.
Para falar a verdade, eu devia estar a uns 17 - 18 km/h.
Malabarismo e sorte, não sei como não fui parar no chão.
Mas, “aquele” músculo que eu vinha sentindo nos últimos treinos "abriu o bico".

Quase desistindo
Faltando “apenas” 80km a percorrer, e eu simplesmente não conseguia empurrar o pedal com a perna direita. E faltavam ainda todas as subidas da ida e da volta.

Fui pedalando como era possível, subindo sentado, na relação de marchas mais leve, e fazendo todo o esforço só com a perna esquerda.

Na região dos túneis e depois, do aeroporto, o vento era absurdo (pelo menos para mim). No retorno, o músculo da perna esquerda também "abriu o bico", como era de se esperar, pelo esforço dobrado.

Em algumas provas, passa pela nossa cabeça desistir.
Juro que nessa prova realmente cheguei pensar em desistir.
Faltavam ainda uns 40 km, e não conseguia mais fazer força com nenhuma das pernas. Estava alimentado, hidratado, com vontade de pedalar, mas as dores eram insuportáveis.

Desistindo
Parei, desci da bike, tentei alongar as pernas... e lá vinham as câimbras.
Decidi que iria parar.
Bom, mas não iria ficar ali e retornar de resgate.

Coloquei no volantinho e fui voltando, girando, girando.
Não segurava mais no clip e nem olhava mais no computador da bike para ver a velocidade.
Faltando uns 30 km, olhava para a outra pista e via ainda um monte de atletas na direção contrária, indo para o retorno. Fui assim até a transição.
Fechei a segunda volta para “apenas” 4 horas e pouco.
Total de bike: 7h03m... Que beleza...

T2 -
Desistindo de desistir...
Pronto, já aconteceu tudo que tinha de acontecer.
Se eu conseguir correr ou andar, vou completar essa prova.
Já aconteceu tudo mesmo?
Tomei um pênalti.
Quando? Sei lá.
Do jeito que estava, não me imagino “pegando roda de ninguém”.
Mas, o que é uma uva para quem já levou uma melancia?
Sinceramente, já havia relaxado e estava até achando graça de tudo, e desistindo de desistir.
Comecei a curtir a prova.
Fiquei parado por 5 minutos, na zona de pênalti, brincando com outros atletas penalizados, me alongando (ou tentando), bebendo refrigerante, etc.


Corrida
Saí para correr desestressado, junto com meu camarada Machado.
Eram 15h30m.
Saímos conversando e comecei a me sentir bem.
Estava correndo num ritmo bem confortável, algo em torno de 6 min/km.
Pensei que pudesse manter esse ritmo por pelo menos uns 5 km e que depois iria quebrar.
Para minha surpresa comecei a me sentir cada vez melhor.
O músculo lesionado não era solicitado na corrida. Nem lembrava mais dele.

Corri os primeiros 21 km em 2h10m.
Incrível, minha prova não estava perdida.
Empolgado, fiz as 2 últimas voltar curtas de 10,5 km cada, me sentindo bem.
Na reta de chegada diminuí muito o ritmo, para curtir aquele momento.
Fechei a prova às 20h12m.
Só na corrida, consegui diminuir em 40 minutos o tempo total da prova anterior.



Resumo, com tempos não homologados, obtidos on-line, logo após o evento

Aproximadamente 2000 atletas participantes, sendo 1800 amadores.
Número de peito 1077
Etapa
Tempo
Ranking
(50-54 anos)
Natação
Ciclismo + T1
Corrida + T2
01h14m
07h03m
04h53m
42
74
52
Geral
13h10m
67


Lição 1
Não estabeleço mais metas em relação a tempo.
Como disse meu irmão Alfredo, para isto, teria que retroceder um ano no tempo, e fazer a prova nas mesmas condições do ano anterior.

Lição 2
Trata-se realmente de uma prova tão longa e complexa, que a possibilidade de algo sair errado é quase 100%.
Portanto, 2012 sem stress.

©2010-2011 - 3athlon na Veia®, Triathlon na Veia®

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