Tradução e adaptação
de matéria de Amanda Chan, para LiveScience.com / MyHealthNewsDaily
Comentários e adendos
de Marco Cyrino: destacados azul e itálico.
Se você é um corredor, pode ser
difícil perceber seus próprios erros.
A menos que você esteja constantemente
correndo ao lado de um espelho de corpo inteiro, para checar a sua imagem
refletida, é impossível notar se sua postura está incorreta.
Talvez você tenha dor nas costas,
mas você não tem certeza da sua origem.
Ou, talvez, você não esteja
obtendo o máximo proveito da sua passada, mas você não tem certeza de como
ajustá-la corretamente.
É aí que entra Gregory Holtzman.
Holtzman é um professor assistente
de fisioterapia e diretor de uma clínica de corrida na Universidade de
Washington, em Saint Louis.
Ele diagnostica problemas de
movimento para melhorar as técnicas dos corredores e diminuir as suas dores.
Os pacientes que visitam a clínica
passam inicialmente por uma avaliação músculo-esquelética, de modo que Holtzman
e seus colegas possam identificar eventuais problemas com o seu comprimento
muscular, a sua mobilidade ou força.
Em seguida, os pacientes são
filmados pela frente, pelos lados e por trás, enquanto correm em uma esteira,
para que os fisioterapeutas possam identificar quaisquer anomalias mecânicas (de
perto e em câmera lenta).
Segundo Holtzman, "É um tipo
de tratamento muito individualizado, porque nem todo mundo irá responder ao
mesmo tipo de orientações".
Para encontrar o "remédio correto",
ele recomenda buscar auxílio em clínicas fisioterápicas (especializadas) ou em
uma clínica de corrida.
Holtzman compartilhou conosco os
cinco problemas mais comuns enfrentados pelos seus pacientes (embora a solução
para cada problema possa variar de pessoa para pessoa).
1. Padrão de corrida assimétrico
Um padrão de corrida assimétrico (a
"aterrissagem" da passada sendo mais forte em um lado do corpo do que
no outro) é uma das primeiras coisas que Holtzman toma nota, quando observa um
novo paciente.
Ele avalia este problema "ouvindo"
o modo como o paciente corre.
Segundo ele...
""Este é um componente de
corrida negligenciado. Você pode obter muitas informações a partir do som.
Se um corredor "aterrissa"
com mais força no lado direito do que no esquerdo, ou vice-versa, isto pode
sinalizar uma falha mecânica inerente ao estilo de corrida, e que poderá levar
à dor.""
Adendo
Esse problema, na minha concepção, é
causado por alguma lesão que o atleta teve e então voltou a correr antes de
curá-la, ou o atleta a curou, mas ficou ainda com a memória da lesão, evitando inconscientemente
jogar todo o peso no lado lesionado.
Eu mesmo tive esse tipo de corrida
durante um tempo, depois de várias lesões na mesma perna (posterior da coxa,
panturrilha, etc.).
O pior é que, mantendo essa
característica, fatalmente o atleta desenvolverá outras lesões, podendo afetar
tanto a perna que está suportando o peso ou impacto maior, quanto a coluna e o quadril.
Aproveitando uma conversa com o Professor Silvão, acrescento apenas que meu adendo não contradiz o artigo. Até porque todas as pessoas são "assimétricas". Apenas quis enfatizar que "muitas vezes" o problema é causado "também" por lesões.
Aproveitando uma conversa com o Professor Silvão, acrescento apenas que meu adendo não contradiz o artigo. Até porque todas as pessoas são "assimétricas". Apenas quis enfatizar que "muitas vezes" o problema é causado "também" por lesões.
2. Flexão de joelhos "para dentro" e quadris fracos
Outro problema de corrida que Holtzman
observa comumente são as pessoas cujos joelhos colapsam para dentro quando elas
correm, o que é causado por músculos glúteos fracos.
Quando você corre, os joelhos
devem ficar em linha com os quadris.
Mas, se os seus músculos do
quadril forem fracos e não estiverem suportando o peso do corpo, esse peso irá para
os joelhos e os levará a se curvarem para dentro, disse ele.
"Os joelhos se curvam e recebem
o choque", diz Holtzman.
Para resolver esse problema,
Holtzman recomenda exercícios para fortalecer os gluteus medius e gluteus
maximus posteriores, que são dois dos principais músculos nas nádegas.
Adendo
Guardando as características físicas de
cada pessoa (joelhos valgos, varos, ou encurvados) condições em que, respectivamente,
os joelhos naturalmente são mais voltados para dentro, para fora ou mesmo para
trás, o trabalho de fortalecimento dos músculos das nádegas é muito importante
para, no mínimo, a melhora de força, potência, explosão e velocidade na corrida.
Antes eu tinha verdadeiramente
preconceito (pura ignorância) com a musculação. Hoje enxergo de forma muito
clara a importância da prática bem orientada da musculação, para prevenção de
lesões e fortalecimento e desempenho nas atividades desportivas.
Há ainda o preconceito de nas academias
acharmos (nós, homens) que trabalhar glúteos é apenas para mulheres.
3. Correr com a parte dianteira do pé, quando você é realmente um
corredor de parte traseira do pé
Algumas pessoas são corredores que
golpeiam com mais força com a parte traseira dos pés (backfoot runners), e outras são corredores que golpeiam com mais
força com a parte da frente dos pés (forefoot
runners).
Segundo Holtzman, um estilo de
corrida não é necessariamente melhor do que o outro, mas as forças de impacto
podem ser diferentes entre os dois estilos.
Corredores que golpeiam mais forte
com a parte traseira dos pés tendem a ter uma maior intensidade de força
exercida sobre os seus pés (quando golpeiam), em comparação com os corredores que
golpeiam mais forte com a parte dianteira dos pés.
Holtzman afirma que: ""Para
os corredores de parte traseira dos pés que estão tendo problemas, muitas vezes
podemos fazer alterações na mecânica, as quais alteram o efeito dessa força de
impacto.""
Você não precisa necessariamente
mudar de um padrão de ataque com a parte traseira dos pés, para um padrão de ataque
com a parte dianteira, mas um fisioterapeuta poderá ajudar a fazer mudanças
sutis na mecânica, para reduzir a dor.
A corrida com ataque com a parte
dianteira dos pés (forefoot running) ganhou
popularidade com a comercialização dos tênis para "corrida de pés
descalços" (barefoot running),
mas se você for um corredor natural de parte traseira dos pés, serão
necessários tempo e treinamento para correr dessa maneira, diz Holtzman.
"Para algumas pessoas, o
problema da corrida no estilo forefoot
running é que os seus pés não são fortes o suficiente para suportar o seu
peso."
Holtzman afirma: ""É por
isto que, se você estiver em fazendo uma transição para forefoot (parte dianteira), mas você (sempre) foi um corredor de backfoot (parte traseira), então você
precisa fazer essa progressão gradualmente, para que possa aumentar a força dos
seus pés.""
Adendo
No meu caso, como durante boa parte da
minha vida corri descalço, acabei desenvolvendo a técnica instintiva de apoiar
primeiramente a parte da frente dos pés, durante a corrida.
E penei para me adaptar a correr
calçado, principalmente por passar a utilizar tênis com grande fator de
amortecimento, o que significa calcanhares mais altos (induzindo ao backfoot).
Vejo que a corrida “backfoot”, além de
dores e lesões, acarreta um esforço maior para obter a mesma velocidade, uma
vez que, ao cair com o calcanhar primeiro, há um impacto que, no mínimo, exerce
efeito de freio em cada passada.
Isso também tem a ver com o ângulo em
que colocamos o nosso corpo em relação ao piso.
Quando um atleta corre inclinado para
trás, ou em um ângulo de 90º, dificilmente irá conseguir pousar primeiramente a
parte da frente dos pés.
4. Alongamento excessivo das passadas (overstriding) e balanço desigual dos braços (overswinging)
Alongar excessivamente as passadas
e balançar os braços de forma desigual são duas das principais causas de dores
nas costas resultantes da corrida.
""Temos a tendência a
nos movimentar de determinadas maneiras, ou favorecer determinados movimentos, o
que, a longo prazo, poderá contribuir para o estresse nas costas"",
diz Holtzman.
""Algumas pessoas
acreditam que você altera os seus movimentos por causa de dor nas costas, mas,
a nossa filosofia é que o movimento ou o alinhamento postural inadequados podem
aumentar a pressão sobre a parte inferior das costas e causar dor nas
costas.""
O alongamento excessivo das
passadas ocorre quando os passos são grandes demais para o tamanho corporal do
corredor, e pode induzir a uma rotação excessiva (do corpo), porque a pelve e a
coluna se movem em uma direção, mais do que em outra, diz Holtzman.
E balançar um braço mais para trás
do que o outro também pode contribuir para o desalinhamento da coluna durante a
corrida.
Adendo
Exatamente por isso que é necessário
pelo menos alguém com bastante experiência para analisar a fisiologia da
corrida de cada atleta, e criticar o que for necessário.
Existem atletas que também executam
passos muito mais curtos do que poderiam e assim acabam tendo um desempenho
inferior, na questão velocidade.
Um assunto à parte (mas dentro deste tema)
é o tamanho das passadas em relação à distância a ser percorrida.
Apenas um exemplo:
Correr uma maratona com passadas tão
largas quanto as de uma corrida de 3 km provavelmente é inviável para um mesmo
atleta.
Por isso se faz necessária uma adequação
também em relação à distância a percorrer X alongamento da passada.
Finalmente, quanto mais simétrica a
fisiologia de corrida do atleta, provavelmente melhor o seu desempenho e menor
o seu risco de lesões.
5. Desconhecer o seu tipo de pé
Nem todo mundo é abençoado com
arcos perfeitos --- e aqueles que têm os pés mais chatos do que imaginam podem
estar sofrendo por isso.
""As pessoas podem
reconhecer o fato de que não possuem grandes arcos, mas podem estar usando
calçados que não são apropriados para o seu tipo de pé"", diz Holtzman.
Mas, usar os calçados errados pode
levar a dores no quadril, nas costas e nos joelhos.
Nestes casos, Holtzman sugere que
é melhor ir a uma loja de calçados ortopédicos, ou de calçados de corrida personalizados,
e comprar calçados especiais para pés planos.
"Calçados normais, das
grandes lojas de varejo, não possuem ajustes personalizados e podem, portanto,
não ser capazes de aliviar a dor."
Adendo
Perfeito, mas, eu incluiria neste tópico
o tipo de pisada.
Mais uma vez, utilizando meu caso como
exemplo...
Saí de uma corrida totalmente
“rudimentar” (descalço) para uma totalmente tecnológica (alto amortecimento).
Simples assim, sem consultar ninguém,
apenas seguindo conselhos de atletas amigos que me falavam que eu tinha de usar
um tênis muito bom.
Realmente usei o melhor (no quesito
amortecimento).
Com o tempo fui sentindo problemas, pequenas
lesões, incômodos e por aí vai.
Depois alguém me perguntou se eu sabia
qual era a minha pisada.
- Sei. Com os pés.
- Mas, é pronada, supinada ou neutra?
Fui a uma loja especializada e
perguntei.
O cara pediu pra ver o desgaste do meu
sapato e declarou:
- Supinada. Você pisa com o lado externo
do pé.
Pronto. Lá fui eu consumir tênis para
pisada supinada.
Resumo: Depois de muito tempo e com o
auxílio do Rodrigo Roehniss (ótimo para indicar calçados próprios para a sua
pisada), descobri que a minha pisada era absolutamente neutra.
O cara da loja havia olhado apenas o
calcanhar do meu calçado, sendo que a parte frontal era mais gasta do lado
interno. É a dita pisada cruzada ou neutra.
Mas, isto é apenas um toque para que
tenham bastante atenção com quem se “consultam”.
Visite uma clínica de corrida ou um
fisioterapeuta para encontrar uma solução para alguns dos erros mais comuns,
que podem causar dor e tornar o seu treinamento de corrida menos eficiente.
Fonte:
5/20/2015 - 5 Running Mistakes You Didn't Know You Make - Live Science.com
Tradução e adaptação: Equipe 3AV
3AV
Marco Cyrino
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