Este post, sei de antemão, será polêmico.
Muitos vão olhar torto pra ele e, posteriormente,
pra mim.
Mas, o objetivo é provocar.
Pra começar, sou crítico contumaz de tudo o que
pago.
Seja lá o que for!
Desde um pingado na padoca (para quem não sabe,
pingado é um copo americano, com mais leite do que café), um pão na chapa com
manteiga, até um equipamento mais caro para a prática do Triathlon.
Sempre procuro avaliar a relação custo x benefício
do que compro.
E isso embute a questão de lucratividade da empresa
que produz ou promove determinado produto.
O Triathlon é só mais um desses produtos.
Tenho participado, propositalmente calado, de
grupos em redes sociais, nos quais mais de 90% dos atletas (ganhariam uma eleição
em primeiro turno) criticam de forma exagerada (pelo menos a mim parece) todas
as organizações de provas de Triathlon.
Vou fazer aqui uma defesa dessas organizações (não
todas).
Existem algumas, principalmente as maiores,
multinacionais, para as quais o objetivo MAIOR é o lucro.
Mas existem muitas, acreditem, cujo maior objetivo são
o incentivo e a manutenção desse esporte.
Triathlon é um esporte caro.
Creio que isto seja ponto pacífico.
Para nadar, o atleta precisa
de touca e óculos de natação.
Para fazer ciclismo (já bem
mais caro), o atleta precisa de uma bike condizente com a sua performance,
capacete, sapatilhas, e roupas apropriadas.
Para correr, o atleta
necessita de tênis e praticamente mais nada.
Agora, para o Triathlon, o
atleta (em geral, mas sem generalizar) necessita, além de touca e óculos de
natação, de palmar, nadadeiras, roupa de borracha, uma bike TT e outra Speed,
capacete aero, sapatilhas específicas, macacão de competição, óculos Oakley,
tênis importado, bonés de marca, rodas de competição, monitores cardíacos, GPS,
pneus de competição, suplementos, suplementos proibidos etc. etc.
Isto para não falar de meias
de compressão, polainas, luvas e mais outro montão de etc.
O custo disso?
Ah... deve ser uma mixaria.
Por quê? Porque se tudo isso custasse muito, não
iriam ficar detonando o preço das inscrições para a realização das provas de Triathlon.
E, já fazendo um adendo, também não iriam
questionar o preço de uma assessoria especializada, para treiná-los.
Muitos devem acreditar que
uma bike de mais de R$ 40.000,00 irá resolver o problema de falta de motor
(pernas e coração) para fazer um bom pedal.
Muitos devem acreditar que
um tênis de mais de R$ 1.500,00 irá resolver o problema de não conseguir correr
bem.
Muitos devem acreditar que
uma roupa de borracha de mais de R$ 4.000,00, para a natação, irá fazê-los
nadar como os profissionais.
Assim como um capacete aero
irá diminuir em 10 minutos seu tempo no ciclismo, no Ironman.
E por aí vai...
Difícil encontrar alguém que
dê valor ao (pequeno) preço pago por uma boa assessoria técnica de
treinamentos.
Já, quanto às inscrições para provas de Triathlon,
o rumo da prosa vai no mesmo embalo.
O cara pode gastar sei lá quantos mil reais numa
bike, uns trocentos reais num macacão de prova de última geração, mas, na hora
de se inscrever:
"Ah! Ladrões... querem
enriquecer às nossas custas!"
Aí, o caboclo vai e se inscreve:
- "Porra! Que kit
vagabundo. Não tem mochila, toalha, suplementos, barrinhas, géis, relógios,
meias..."
O atleta quer fazer uma
prova ou ganhar agrados?
Claro que todos nós gostamos
de brindes.
Faz parte do nosso "ser
inferior".
Então, na prova:
O atleta tem segurança na
natação (staffs, bombeiros, bóias, demarcações, chip, touca etc.).
Sai da água e vai pra
transição (que tem baia, local fechado etc.)...
Pega sua bike e vai pedalar,
sabe-se lá quantos km, tendo as vias fechadas no percurso (a cidade inteira
reclamando), polícia, CET (ou equivalente) domando o trânsito que quer passar
por cima dos atletas e, por milagre (claro que isto é uma ironia), chega são e
salvo à sua transição...
E sai para fazer o percurso de
corrida... que exige o fechamento de mais trocentas vias públicas, novamente
com o apoio das entidades públicas...
Depois disso tudo, o atleta
tem direito a medalha de conclusão da prova, camiseta de Finisher, tendas de frutas, de hidratação, às vezes de massagem,
ducha, alimentação...
Os privilegiados, que
conseguiram um lugar ao pódio, ainda receberão um bonito troféu, fotos etc.
Depois, no conforto de suas casas ou hotéis, nem
irão presenciar o desmonte de toda a estrutura instalada para a prova.
Pois é, meus amigos, o bagulho é punk!
Mas é punk elevado à décima potência.
Há uns anos, Silvão me
convidou para promover o Rústico de Santos, sem muita infra e com a colaboração de muitos atletas daqui de Santos.
Só quem participou da
organização sabe o quanto foi difícil e deficitário o evento.
Foi maravilhoso. Mas, não me
envolveria novamente.
Não vou me alongar sobre
esse evento sensacional, mas a experiência é doida e doída... (vejam os links
abaixo)
28 de junho de 2014
24 de outubro de 2014
27 de outubro de 2014
29 de outubro de 2014
31 de outubro de 2014
Por que estou escrevendo sobre isso?
Prova excelente, sob todos
os aspectos.
Antes da premiação, a
Juliana pegou o microfone e comunicou a todos que a Organização estaria se
retirando do Triathlon em 2019.
Por motivos óbvios...
Ninguém quer pagar o que
vale esse tipo de organização.
As despesas não batem com o
faturamento.
Em vez de ganharmos, estamos
perdendo.
Voltando ao início da postagem...
Crítico que sou, reconheço o
esforço de quem se dedica ao esporte.
E também critico muito, caso
eu possa fazer melhor e por um preço menor.
Caso contrário, é a lei do "quero
tudo de graça".
Um enorme salve para os que
insistem na organização de provas desse esporte:
Salve Nubio, salve Juliana
Belache, salve Célio...
Nestes tempos de crise
financeira, recrutar patrôs deve ser difícil.
Eu, particularmente, nem
tento.
Claro que algumas
organizações multinacionais, como Ironman, Challenge, entre outras, devem ter
um bom lucro.
Mas, são exceções. E, pior,
acabam matando as demais.
Mas, o capitalismo é
assim...
Não sou capitalista,
tampouco socialista (apenas para não misturar política com este post).
Não me julguem.
Reflitam...
3AV
Marco Cyrino
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