sábado, 6 de outubro de 2018

Organizações de Triathlon x Atletas


Este post, sei de antemão, será polêmico.

Muitos vão olhar torto pra ele e, posteriormente, pra mim.
Mas, o objetivo é provocar.

Pra começar, sou crítico contumaz de tudo o que pago.
Seja lá o que for!
Desde um pingado na padoca (para quem não sabe, pingado é um copo americano, com mais leite do que café), um pão na chapa com manteiga, até um equipamento mais caro para a prática do Triathlon.

Sempre procuro avaliar a relação custo x benefício do que compro.
E isso embute a questão de lucratividade da empresa que produz ou promove determinado produto.

O Triathlon é só mais um desses produtos.
Tenho participado, propositalmente calado, de grupos em redes sociais, nos quais mais de 90% dos atletas (ganhariam uma eleição em primeiro turno) criticam de forma exagerada (pelo menos a mim parece) todas as organizações de provas de Triathlon.

Vou fazer aqui uma defesa dessas organizações (não todas).
Existem algumas, principalmente as maiores, multinacionais, para as quais o objetivo MAIOR é o lucro.
Mas existem muitas, acreditem, cujo maior objetivo são o incentivo e a manutenção desse esporte.


Triathlon é um esporte caro.
Creio que isto seja ponto pacífico.

Para nadar, o atleta precisa de touca e óculos de natação.

Para fazer ciclismo (já bem mais caro), o atleta precisa de uma bike condizente com a sua performance, capacete, sapatilhas, e roupas apropriadas.

Para correr, o atleta necessita de tênis e praticamente mais nada.

Agora, para o Triathlon, o atleta (em geral, mas sem generalizar) necessita, além de touca e óculos de natação, de palmar, nadadeiras, roupa de borracha, uma bike TT e outra Speed, capacete aero, sapatilhas específicas, macacão de competição, óculos Oakley, tênis importado, bonés de marca, rodas de competição, monitores cardíacos, GPS, pneus de competição, suplementos, suplementos proibidos etc. etc.
Isto para não falar de meias de compressão, polainas, luvas e mais outro montão de etc.

O custo disso?
Ah... deve ser uma mixaria.

Por quê? Porque se tudo isso custasse muito, não iriam ficar detonando o preço das inscrições para a realização das provas de Triathlon.

E, já fazendo um adendo, também não iriam questionar o preço de uma assessoria especializada, para treiná-los.

Muitos devem acreditar que uma bike de mais de R$ 40.000,00 irá resolver o problema de falta de motor (pernas e coração) para fazer um bom pedal.

Muitos devem acreditar que um tênis de mais de R$ 1.500,00 irá resolver o problema de não conseguir correr bem.

Muitos devem acreditar que uma roupa de borracha de mais de R$ 4.000,00, para a natação, irá fazê-los nadar como os profissionais.

Assim como um capacete aero irá diminuir em 10 minutos seu tempo no ciclismo, no Ironman.

E por aí vai...

Difícil encontrar alguém que dê valor ao (pequeno) preço pago por uma boa assessoria técnica de treinamentos.


Já, quanto às inscrições para provas de Triathlon, o rumo da prosa vai no mesmo embalo.

O cara pode gastar sei lá quantos mil reais numa bike, uns trocentos reais num macacão de prova de última geração, mas, na hora de se inscrever:

"Ah! Ladrões... querem enriquecer às nossas custas!"


Aí, o caboclo vai e se inscreve:

- "Porra! Que kit vagabundo. Não tem mochila, toalha, suplementos, barrinhas, géis, relógios, meias..."

O atleta quer fazer uma prova ou ganhar agrados?
Claro que todos nós gostamos de brindes.
Faz parte do nosso "ser inferior".


Então, na prova:

O atleta tem segurança na natação (staffs, bombeiros, bóias, demarcações, chip, touca etc.).

Sai da água  e vai pra transição (que tem baia, local fechado etc.)...

Pega sua bike e vai pedalar, sabe-se lá quantos km, tendo as vias fechadas no percurso (a cidade inteira reclamando), polícia, CET (ou equivalente) domando o trânsito que quer passar por cima dos atletas e, por milagre (claro que isto é uma ironia), chega são e salvo à sua transição...

E sai para fazer o percurso de corrida... que exige o fechamento de mais trocentas vias públicas, novamente com o apoio das entidades públicas...

Depois disso tudo, o atleta tem direito a medalha de conclusão da prova, camiseta de Finisher, tendas de frutas, de hidratação, às vezes de massagem, ducha, alimentação...

Os privilegiados, que conseguiram um lugar ao pódio, ainda receberão um bonito troféu, fotos etc.


Depois, no conforto de suas casas ou hotéis, nem irão presenciar o desmonte de toda a estrutura instalada para a prova.


Pois é, meus amigos, o bagulho é punk!
Mas é punk elevado à décima potência.

Há uns anos, Silvão me convidou para promover o Rústico de Santos, sem muita infra e com a colaboração de muitos atletas daqui de Santos.

Só quem participou da organização sabe o quanto foi difícil e deficitário o evento.
Foi maravilhoso. Mas, não me envolveria novamente.
Não vou me alongar sobre esse evento sensacional, mas a experiência é doida e doída... (vejam os links abaixo)

28 de junho de 2014

24 de outubro de 2014

27 de outubro de 2014

29 de outubro de 2014

31 de outubro de 2014


Por que estou escrevendo sobre isso?

Pela segunda vez consecutiva, participei do Insano Triathlon, em Guaratuba – PR.
Prova excelente, sob todos os aspectos.

Antes da premiação, a Juliana pegou o microfone e comunicou a todos que a Organização estaria se retirando do Triathlon em 2019.
Por motivos óbvios...
Ninguém quer pagar o que vale esse tipo de organização.
As despesas não batem com o faturamento.

Em vez de ganharmos, estamos perdendo.


Voltando ao início da postagem...

Crítico que sou, reconheço o esforço de quem se dedica ao esporte.
E também critico muito, caso eu possa fazer melhor e por um preço menor.
Caso contrário, é a lei do "quero tudo de graça".

Um enorme salve para os que insistem na organização de provas desse esporte:

Salve Nubio, salve Juliana Belache, salve Célio...

Nestes tempos de crise financeira, recrutar patrôs deve ser difícil.
Eu, particularmente, nem tento.

Claro que algumas organizações multinacionais, como Ironman, Challenge, entre outras, devem ter um bom lucro.
Mas, são exceções. E, pior, acabam matando as demais.

Mas, o capitalismo é assim...

Não sou capitalista, tampouco socialista (apenas para não misturar política com este post).


Não me julguem.
Reflitam...


3AV
Marco Cyrino


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