Texto autoral: Neuza Luciane
Nesta época de eleições, escutei e vi postagens de
pessoas, conhecidas ou não, dizendo que gostariam de morar "fora" do
Brasil.
Em 1998, tive minha primeira experiência no
exterior.
Fomos de férias para Cancun.
A viagem foi ótima, o lugar
lindo, as praias belas, porém, habitado por seres humanos que, humanos que são,
também erram e acertam.
Conhecemos casas noturnas,
shoppings, ilhas, enfim, fizemos alguns passeios e vimos: ruas sujas (muito sujas),
brigas em ônibus, pessoas querendo tirar vantagens de sua condição social sobre
as pessoas mais humildes, que estavam prestando serviços para os turistas...
Resumindo, muito parecido
com outros lugares habitados por seres humanos.
Recentemente, tivemos o privilégio de fazer outra
viagem para o exterior, desta vez para uma prova de Triathlon em Samorin,
Eslováquia.
Eu, 20 anos mais experiente,
resolvi observar o outro lado do "maravilhoso primeiro mundo", a
Europa!
Em trânsito, passamos por
Londres, Viena e Bratislava.
Além das coisas ótimas que
existem lá, também tem: lixo nas calçadas (apesar de haver lixeiras espalhadas
por todo lugar), pombas nos terminais de transportes, cachorros abandonados,
divisão de classes sociais.
Pelo caminho, pude observar
que também tem viadutos "pichados" e "grafitados".
Pegamos um trânsito de fazer
inveja à Marginal do Tietê em São Paulo, e não era horário de pico. Disse o
motorista que o trânsito, ali onde estávamos, era assim todo dia e toda hora.
Trânsito muito parecido com
o nosso, aliás: motorista cortando pela direita (não era mão inglesa),
motoqueiros ziguezagueando, motoristas falando ao celular o tempo todo. Não conheço
as leis de transito de lá, mas vi muitas imprudências juntas. Fiquei impressionada.
Na volta, pasmem! Nosso vôo
atrasou cerca de uma hora!
Mas era em Londres!
Como assim?
Devido ao mau tempo. É sim,
tem mau tempo lá também.
Para completar as
semelhanças, uma atleta brasileira que estava no nosso grupo teve sua bicicleta
de prova furtada no estacionamento do super mercado. A bike não foi recuperada
e ela teve que fazer a prova com uma bike emprestada.
Nosssaaaaa! Como isto
aconteceu?
Pois é. Aconteceu e acontece
também no primeiro mundo.
Ah!!! Mas muito menos do que
aqui, irão dizer. Mas aconteceu!
Outros fatores dificultam muito morar fora: o
idioma, o custo de vida.
Ah, mas receberei em Euro! Dólar!
Mas, as despesas também são pagas ao preço dessas
moedas.
Além desses fatores, existem outros dos quais tenho
conhecimento nos noticiários, como: guerras urbanas, desastres naturais,
terrorismo, lutas pelo poder... Enfim, tudo o que temos aqui, tem lá fora
também.
Mas, não estou aqui para julgar nenhuma pessoa e
nem tentar convencer alguém sobre morar fora ou não. Apenas estou colocando meu
ponto de vista.
Problemas, todas as pessoas têm. Não serão
resolvidos mudando de endereço, mesmo que seja para outro país.
Adorei e adoraria viajar sempre para lugares
diferentes, mas somente para passar férias, fazer uma prova, visitar algum conhecido.
As pessoas podem me rotular como conservadora,
acomodada, privilegiada por levar uma vida confortável, frutos de mais de 30
anos de trabalho meus e mais de 40 anos de trabalho do Marco, ou até falarem
que penso assim porque não fui "convidada" a morar fora, ou algo
parecido.
Eu sou assim, brasileira, caseira e conformada com o
que Deus reservou para mim. Apenas vivo o que a vida me oferece e, ACIMA de
tudo, lá fora eu não teria o bem mais precioso, que está aqui no Brasil e é a
minha FAMÍLIA.
Além do que, ainda acho que vale mais a pena lutar
para consertar ou apenas melhorar as coisas erradas daqui (cujo efeito será
para todos), do que simplesmente "fugir" para outro país.
Sou feliz assim.
Fora do Brasil, só a passeio.
3AV
Marco Cyrino
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