quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Retrospecto, análises e conselhos - Ciclismo



Como disse no post anterior, não vou seguir exatamente a ordem.
 
Relembrando... pretendo falar sobre:
 
·       A preparação - treinamentos, orientações técnicas, nutrição, hidratação (enfim, tudo o que diz respeito ao período pré-prova);
·       Como fazer checklists;
·       Como se organizar nas baias da prova;
·       Como agir nas largadas e chegadas da natação, nas transições para o pedal, no ciclismo, nas transições do ciclismo para a corrida, nas corridas em si e, finalmente nos períodos pós-provas.
 
Hoje, vou escrever sobre a Etapa de Ciclismo
 
Como mencionado em postagens anteriores, existem provas:
 
·       Curtas (Shorts – 20km)
 
·       Médias (Olímpicos e alguns outros – 40km ou 60km, como o “finado” Insano)
 
·       Longas (digamos, Meio Iron, Long Distance, Challenge, entre outras – 90km)
 
·       IronMan Full – 180km.
 
·       Isso para não falar sobre outras intermediárias, ou as realmente insanas, como o Ultraman. Como o objetivo é escrever apenas sobre as provas nas quais tenho experiência, vou me ater aos itens acima.
 
Depois de tantos erros que já cometi nessa etapa do Triathlon, vou lhes dizer apenas como EU aprendi a errar menos.


Primeiramente, as principais besteiras cometidas:
 
- Em provas curtas, querer me poupar para a corrida.
 
- Em provas médias, querer pedalar a milhão, sem me preocupar com a corrida.
 
- Em provas longas, falhar na alimentação e hidratação (falo mais a respeito disto, logo abaixo).
 
 
Agora, MINHAS recomendações:

(Fotos ilustrativas, ao final)


Em primeiríssimo lugar
 
Treinos e orientação técnica
 
Treine muito ciclismo, especificamente para o tipo de prova que vai fazer, levando em consideração principalmente:
 
·         Distância;
·         Alimentação e hidratação;
·         As regras da prova (se é ou não permitido vácuo);
·         A próxima etapa da prova (corrida).
 
Aconselho muito estar sendo orientado(a) por um bom profissional que conheça o seu objetivo.
 
Conhecer o percurso
 
Também muito importante é considerar o percurso em que ocorrerá o ciclismo:

* Percursos planos, ou com muita variação de altimetria?
São percursos com características e comportamentos muito distintos.
Dependendo da distância da prova, isso interfere, inclusive, na escolha do tipo de bike a ser utilizada (TT, ou Road).
 
* Percurso contínuo ou travado?
Isto também interfere na escolha da bike a ser utilizada.
 
* Qualidade do piso? Vento contra ou a favor?
A qualidade do piso pode interferir em sua etapa de ciclismo?
Pode sim e muito.
 
E a velocidade do vento?
Ah... Esta é imprevisível. Ou não!
Caso já haja previsão de ventos fortes no percurso (isto pode ser investigado poucos dias antes, nos sites de previsão do tempo), você poderá fazer uma melhor escolha de bike e acessórios que irá utilizar durante a prova.
        
 
Escolha da Bike e seus acessórios
 
Em decorrência do descrito acima, é muito importante saber escolher a bike a ser utilizada e seus acessórios.
 
1º – Bikes TT são recomendadas para percursos mais planos, retos e em provas em que não haja a permissão de vácuo.
 
Considero “criminoso” pedalar “clipado” em uma TT, no vácuo de algum outro atleta. Você não tem acesso imediato ao freio, caso algo aconteça à sua frente, sem que você veja.
 
Escrevi “criminoso”, mas pode ser também “suicida”, porque você pode causar um baita estrago nos outros, ou em você mesmo.
 
2º – Bikes Road são recomendadas para percursos com muita variação de altimetria, em pisos irregulares ou muito travados (muitas curvas fechadas e retas curtas).
 
3º – Acessórios como rodas fechadas (apenas traseiras), com perfis muito altos (dianteiras e traseiras) não são recomendados para provas em percursos como os descritos no 2º item, acima.
 
 
Ciclismo em provas Curtas
 
Uma prova curta exige que todas as etapas do Triathlon sejam feitas em, digamos, intensidade máxima.
 
Portanto, caso seu objetivo seja resultado, não adianta começar a pedalar muito devagar, pelo risco de ser literalmente atropelado pelos atletas que chegaram atrás, após a etapa e a transição da natação.
 
Também não vai conseguir tirar a diferença para os outros atletas de sua categoria que pedalaram melhor. A prova é CURTA.
 
Mas, para sair “a milhão”, nesta etapa, seu corpo já deve estar preparado para isso.
 
Como disse anteriormente, treinos de adaptação poderão fazer com que seu corpo esteja preparado.
 
 
Ciclismo em provas Médias
 
No meu caso, não dá pra ser tão explosivo na saída da transição, quanto seria numa prova curta.  Mas, também não dá pra ser tão conservador quanto numa prova longa.
 
Serão 40km ou 60km de ciclismo.
 
Aconselho sim, a fazer vários treinos de transição entre a Natação e a transição para o Ciclismo.
 
Mas, também não é necessário sair a milhão.
O mais importante é manter um bom ritmo.
 
Recomendo muito a leitura do item sobre nutrição e hidratação, mais abaixo.
 

Ciclismo em provas Longas & Ironman Full
 
Aí o bicho pega! kkk.
 
Serão 90km ou 180km, para depois correr 21 km ou 42 km.
 
Há que se ter uma boa estratégia.
 
Minhas recomendações para essas provas
 
Aquecimento
Neste tipo de prova, o aquecimento diz respeito ao clima.
Nada a ver com o aquecimento pré-prova, aquele antes da natação.
É sobre você ter verificado previamente como estará o clima durante a prova.
 
Imagine-se em uma prova de Iron Full em Floripa, por exemplo, e que nessa época do ano (normalmente final de maio) a previsão seja de água fria e temperatura ambiente de uns 12ºC durante a etapa de Ciclismo.
 
Você vai como?
 
Com a roupa molhada pela água bem fria da natação? ***
Ou você prefere perder um pouco de tempo para colocar manguitos, pernitos, agasalhos de pedal, entre outros itens, para fazer um pedal confortável durante “apenas” 180km?
(No meu caso, cerca de 6 horas pedalando.)
 
*** Nota técnica --- A roupa fatalmente irá secar durante o ciclismo, o que se dará pela evaporação da água contida no tecido molhado. E essa evaporação ocorrerá tanto pela maior ventilação (bike em movimento), quanto pelo ""roubo de calor"" (calor = energia) do corpo do atleta.
 
 
Ritmo
Tente pegar um ritmo razoavelmente tranquilo, em que você não fique muito à frente, tampouco muito atrás.
Pense que ainda haverá muito chão a percorrer.
 
Estratégia
Recomendo que você treine muito a sua estratégia para esse tipo de prova.
Principalmente no ritmo de pedal (há que ser o mais constante possível) e na alimentação e hidratação.
Novamente, leiam sobre isto, mais abaixo.
 
 
Orientações específicas
 
Treinos no Rolo
Para quem não sabe, acho que Ciclismo é a única modalidade em que podemos treinar em casa, em dias em que nada dá certo para ir para a estrada. Ou mesmo para fazer os treinos intermediários, durante a semana.
 
Falo isto principalmente para você que trabalha, estuda, cuida da casa, enfim, não tem tempo para treinar ciclismo na rua ou nas estradas durante a semana.
 
Adquirir um bom rolo (existem muitos... beeeemmmmm mais baratos do que uma bike) o ajudará a fazer treinos específicos em sua própria casa. Principalmente treinos mais curtos e de força.
 
Continuo a recomendar que você tenha um ótimo técnico para orientá-lo nesses treinos e com relação às demais etapas.
 
Este tipo de treino não substitui a “obrigação” de pedalar outdoor.
Sessões de bike em academias, durante a semana, também ajudarão.
Porém, também não substituem os treinos outdoor.
Será neles que você fará “amizade” com a sua bike, com as suas roupas de prova, com sua hidratação e alimentação, com os percursos (planos ou íngremes), enfim, com aquilo que será usado durante as provas.
 
 
Alimentação e Hidratação
 
Provas Curtas
Nada mais do que uma caramanhola com água ou isotônico ou outra bebida de sua preferência.

Daqui para frente (provas Médias e Longas), não esqueçam que o Ciclismo é uma etapa traiçoeira com relação à hidratação, isto porque nesta etapa estamos perdendo líquido através do suor e secando devido ao vento (ventilação forçada), o que nos dá a falsa sensação de que não estamos desidratando.

Portanto, não descuidem da hidratação.
 
Provas Médias
Daí a coisa já começa a mudar.
Dependendo das distâncias de bike e corrida, você deverá ingerir mais isotônicos e/ou carbos, para depois não sofrer tanto na corrida.
 
Provas Longas
Aqui é que o bicho pega mesmo.
Para essas provas, precisamos ter uma ótima estratégia.
E muito bem treinada...
 
É nessa etapa que a gente tem que se alimentar e se hidratar muito, para não “marrer” na corrida.
 
Mesmo depois de ter feito vários (perdi as contas) Long Distances e 7 Ironmans Full, nunca acertei exatamente a alimentação e a hidratação nessas provas.
Cheguei muito perto, mas não acertei.
 
Portanto, não vou dizer a vocês o que devem ou não consumir durante essa etapa.
Só eu sei os perrengues que passei.
 
PROCUREM UM(A) TÉCNICO(A) E UM(A) NUTRICIONISTA COMPETENTES, CONTANDO SOBRE OS SEUS TREINOS E AS PROVAS A SEREM REALIZADAS.
 
FAÇA AS SUAS EXPERIÊNCIAS NOS TREINOS.
NA PROVA, NÃO FAÇA NADA QUE NÃO TENHA TREINADO.
 
 
Exemplo 1 - Pirassununga
Em minha primeira experiência em Long Distance, vi o site da prova e constatei que haveria "farta distribuição" de isotônicos e água durante o ciclismo.
E que, depois, haveria sanduíches de queijo, melancia, abacaxi, bolachas, bananas, e outras coisas na transição para a corrida.
 
Não me preocupei em levar nada.
Ótimo! Vai ter de tudo lá.
 
Resultado...
Não havia absolutamente coisa alguma.
Ops! Estou mentindo... Havia bananas.
E quem disse que eu conseguia engolir algo, já totalmente desidratado, enjoado e ainda tendo que correr (caminhar ou me arrastar) por mais 21km ?
 
A falha foi do site?
Foi.
Mas, principalmente, foi minha.
Não treinei com nenhuma coisa dessas.
E se eu ingerisse os alimentos que informaram que ofereceriam, e mesmo assim passasse mal?
 
Então, não contem com aquilo que a Organização diz que vai ter na prova.
Contem apenas com aquilo que vocês treinaram e levaram.
 
Claro que água, isotônico, entre algumas outras poucas coisas, tem que haver na prova.
Mas, se possível, levem as suas coisas.
Para terminar, terminei, em penúltimo lugar, mas terminei.
Anos depois, consegui pódios por lá.
 
 
Exemplo 2 - Ironman Full
Mesmo tendo passado os perrengues que passei em Pira, acho que não havia aprendido nada, até participar do meu primeiro Iron Full.
Lá é mesmo onde a gente “chora e a mãe não vê”.
 
Escrevo isso com lágrimas nos olhos, porque no meu caso foi isso mesmo. Minha mãezinha se foi, mas sei que ela viu minha chegada em louvor a ela.
 
Bom, já enxuguei ozóios e vamos em frente.
 
Não quis escrever mais um item...
Porém, suplementos são também necessários.
Nem vou falar sobre suplementos durante os treinos.
Só sei que você vai precisar estar habituado a consumi-los.
Tipo cápsulas de BCAA e outros que vou deixar a critério de técnicos(as) e nutricionistas.
 
Agora, vamos às fotos ilustrativas
 
Iniciando a 2ª volta do Ironman

Iniciando o treino - Mundial do Challenge, na Eslováquia

Terminando o pedal - Insano, em Guaratuba – PR

 
Abraços e bons treinos e boas provas para todos.
Com saúde, segurança e responsabilidade.
 
 
3AV
Marco Cyrino
 
*** Por favor, faça login antes de escrever seu comentário.


2 comentários:

  1. Grande Marcão, mais um texto top.
    Eu lembro que em Pucon por conta do asfalto, a galera colocava menos pressão do que de costume nos pneus. Detalhes que para um amador como eu, não entendia o motivo. E acho que ainda não entendi. Kkkkkkkk

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mais uma vez, brigadão, Renê. Agora não vem com essa que até hoje tu não entendeu o motivo de colocarem menos pressão nos pnéis (como diria o Frieck...kkk) em pisos irregulares. Tu és "macaco véio" (sem racismo heim ? pelamordeDeus). Mas vou aproveitar para esclarecer para quem não sabe. Em pisos ruins, se colocarmos a pressão indicada para pisos bons, cujo objetivo é velocidade, os "pnéis" vão estar tão cheios que a gente vai ficar "quicando" em cima da bike. Isso numa Road já é ruim. Imagina clipado numa TT ???

      Excluir