segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Estratégias mentais para longos desafios


Sei que já devo ter falado sobre isso em alguns posts.
Tenho lido muito sobre atletas voltando aos treinos longos.
E também sobre atletas iniciando em treinos e provas longas.
 
Meus conselhos podem não ser nada profissionais, mas, sim, muito em razão da minha experiência.

Procurem fragmentar a distância a ser enfrentada.
 
Diante de um desafio gigante, tipo Ironman, já deveremos ter treinado nosso corpo e nossa mente para.
 
Mas, provavelmente, devem ter ocorrido treinos longos em que nosso psicológico queria nos arrebentar.
Tipo um treino de 4.000 m de natação, ou 200 km de ciclismo ou, ainda, 35 km de corrida.
 
Fora as transições de 100 km de ciclismo mais 20 km de corrida.
 
Muito provavelmente, as provas longas ainda irão aguardar um pouco para acontecer, pelo menos aqui neste Brasil.
 
Porém, não me custa colocar algumas experiências, depois de ter concluído "n" provas de Long Distance e 7 de Ironman.

 

Vou direto para a prova de Ironman.
 
Beleza!
Você está muito bem treinado, tanto física quanto psicologicamente.
 
Porém...
Ah, porém!
 
Na hora da bagaça, quando toca a sirene, quando a gente escuta o tiro do canhão (será que ainda tem?), quando o estômago vem na boca, quando o ateu pede proteção a Nossa Senhora Aparecida, quando o bicho realmente vai pegar em sua primeira prova longa...
 
 
Fracione todos os seus objetivos.
 
 
A natação de 3.900 m será feita em duas "pernas" longas.
 
Uma de aproximadamente 2.000 m e a outra de aproximadamente 1.900 m.
E com o mar do jeito que estiver.
 
Pode ter chuva? Pode!
Pode ter água gelada? Pode!
Pode ter correnteza a favor? Pode!
Pode ter correnteza contra? Certeza!  kkk
 
Então, vamos à luta.
Estou falando sobre os Ironmans em Floripa, em Jurerê, tá?
 
Você vai tentar enxergar a bóia grande, aquela onde a gente faz o contorno pra voltar à praia e iniciar a segunda volta.
 
A coisa tem o tamanho de um prédio de 2 andares, mas você a enxergará como se fosse do tamanho de uma bola de vôlei, tão distante que está.
 
Se, ao entrar no mar, ficar pensando nisso, é grande a possibilidade de dar ruim.
 
Então, fragmente seu percurso.
Estabeleça menores distâncias, tipo:
 
·         Vou até a bóia menor (sim elas existem) e de lá eu vejo o que faço.
 
·         Ao chegar a essa bóia menor, seu objetivo será a bóia maior.
 
·         Depois da maior, o objetivo será, obviamente, voltar à praia são e salvo.
 
A 2ª perna será bem mais fácil, mantendo esses objetivos.
 
 
Na bike, a mesma coisa.
 
São "apenas" 180 km, umas 6 horas pedalando (dependendo do seu nível), arrancando a pele da bunda, comendo e se hidratando muito (porque esse é um dos segredos do Iron) e também fracionando o percurso em pequenos trechos.
 
Subidas, descidas, planos, vento contra e a favor, etc.
 
Coloque suas pequenas metas por trecho, tipo:
 
·         Já cumpri a natação, já estou em determinado ponto do pedal...
 
·         Agora vem mais uma subidona. Belê! Essa é minha próxima meta.
 
·         Se tudo der errado, dane-se! Já cheguei até aqui!
 
·         E assim por diante.
 
A 2ª volta do ciclismo, em minha opinião, é a parte mais punk da prova.
 
Primeiro, pela consciência de que ainda temos a corrida inteira para fazer (apenas mais 42 km).
 
Segundo, porque, em comparação à 1ª volta, parecerá que há muito mais vento e que os morros "se tornaram" muito maiores e mais íngremes nas subidas e muito menores nas descidas.  
 
 
Daí vem a corrida.
 
Mesmíssima estratégia.
Quilômetro a quilômetro...
 
Em meu último Iron, em 2017, a corrida ainda era feita em 1 volta longa de 21 km (com as subidas de Canasvieiras, incluindo a da Igrejinha, que é punk) e 2 voltas curtas de 10 km dentro de Jurerê Internacional.
 
Nos últimos anos, pelo que me consta, são 4 voltas "curtas" dentro de Jurerê Internacional.
 
Sempre sob meu ponto de vista, tem o lado bom e o lado ruim:
 
O bom --- Não tem as subidas. E também deve haver muito mais contato com o pessoal que acompanha e nos dá força durante essa etapa.
 
O ruim --- Nunca gostei de "correr em circuito", principalmente longas distâncias.
 
No percurso anterior, ao completar a volta longa, já me motivava sabendo que já havia cumprido metade da jornada da corrida.
 
Mas, em 4 voltas, talvez a minha estratégia mental fosse considerar cada volta completada como uma pequena etapa concluída.
 
Ainda bem que na corrida, no meu caso, sempre tem a Neuzita me acompanhando e me incentivando a cada volta.
 
Mas, no meu modo de pensar, quem chegou até a corrida não vai desistir nunca.
Como eu disse, é quilômetro a quilômetro, passada a passada, hidratação a hidratação.
 
Cada quilômetro fica mais difícil.
Porém, cada quilômetro nos leva mais perto.
Enfim, o Pórtico é logo ali.
 
 
É assim que funciona em minha mente.
Espero, sinceramente, estar colaborando com quem vai fazer seu primeiro Iron.
 
Saúde na Veia!
 
3AV
Marco Cyrino

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