quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

De office-boy a Triathleta, passando por futebolista e surfista

(Getty image)
 
Nem médico, nem engenheiro, nem advogado.
Na vida, eu só quis ser 3 coisas:
 
- Jogador de futebol
- Surfista
- Um bom profissional, fosse de qual área fosse.
 
 
A primeira, fui obrigado a desistir cedo
 
Tive que começar a trabalhar com 13 pra 14 anos de idade.
 
Joguei na Briosa, a Portuguesinha, depois fui recrutado para o Santos, embora o Papa, técnico da Briosa, não tenha querido me dispensar.
 
O Papa era o melhor técnico que já conheci.
Ele não falava palavrão.
Ele era o palavrão.
Só me chamava de “filho da pu..”, disso e daquilo...
Ele era phoda... e só estimulava a gente, sem faltar com o respeito... kkk
Coisa que, hoje em dia, seria impensável.
 
Mas, tive que trabalhar.
Office-boy na antiga Agência Marítima Sinárius.
 
 
Indo para o Surf...
 
Nessa fase da minha vida, estava começando a conviver com o Surf.
 
Convivi com o “Velha”, com o Saulo, com o Lequinho (falecido precocemente), com Almir e Picuruta (da família Salazar), com o Cisco, com Bolina e Molina, com o Pato Rouco (Cláudio), com o Jacuí, o Pardal e tantos outros que aqui vou ficar devendo.
 
Porém, eu era muito melhor jogador de futebol do que surfista.
Surfista que ainda sou.
Não tanto na prática, mas de alma.
E olhem... Ainda voltarei.
 
 
Entretantos profissionais
 
Esse período de transição entre surf, futebol e office-boy, me levou a pedir demissão da Sinárius, porque o dono, o Seu Ney, queria me obrigar a cortar meus longos cabelos, queimados de sol e água do mar.
 
Refuguei.
Preferi ser mandado embora a me sujeitar a cortar minhas madeixas, pois não entendia o que aquilo tinha a ver com os meus afazeres profissionais, que, modéstia à parte, realizava muito bem.
 
Nem um mês depois, já estava novamente trabalhando, agora na Rodrimar-Eurobrás, como office-boy.
 
Não me cobraram cortar os cabelos, mas não teria nenhuma chance de ascensão profissional lá.
 
Era ficar sentado em uma mesa, aguardando a chegada de uma porrada de envelopes para entregar nas 200 comissárias de despacho existentes no Centro de Santos.
 
Queria aprender algo e era simplesmente designado a voltar ao meu lugar para aguardar os envelopes.
 
E trabalhava de segunda a sábado, das 08:00h às 18:00h, inclusive aos sábados.
 
 
Bom, já escrevi sobre ser jogador de futebol e sobre ser surfista e até mesmo sobre o início de minha carreira profissional.
 
Agora estou começando a escrever sobre “Ser Triathleta”.
 
 
Distanciamento forçoso do futebol...
 
Continuei surfando bastante e jogando futebol em times de várzea da Baixada Santista, entre eles, o Bandeirantes de Santos e o de São Vicente, o Juventude etc.
 
Também fiquei jogando futebol de salão e de praia.
 
Como isso, o Triathlon começou?
Começou... e eu nem sabendo o que era isso.
 
Começou depois de eu sofrer uma lesão muito grave no Tendão de Aquiles, jogando futebol de salão em uma brincadeira de amigos.
 
Já relatei isto em outras publicações, em contextos diferentes, como neste post Maléficos profetas midiáticos.
 
Era tipo aquelas paradas de jogar um jogo de 10 minutos.
O time que perdesse saía.
O que ganhasse continuava e fazia outro jogo de 10 minutos.
 
Joguei, acho eu, uns 6 ou mais jogos consecutivos e, finalmente, perdemos.
Saí exausto e fui direto pro vestiário tomar um banho e colocar uma roupa para voltar para casa.
 
Ao voltar para me despedir dos amigos, um deles gritou:
 
- Marcão... entra no nosso time porque só temos 4 jogadores (os demais também estavam exaustos).
 
Fominha que sempre fui, entrei.
Na primeira arrancada com a bola, senti como se fosse um tiro no meu tendão.
 
Com o corpo frio, depois de já ter me banhado...
Enfim, fui burro, muito burro.
Coitados dos burros que são muito mais inteligentes do que fui.
Desnecessário relatar a dor.
 
Fui levado, pelo meu ex-sócio Waldir, a um renomado ortopedista que, na época, era o “Pica das Galáxias” do SFC.
 
E o cara me diz o seguinte:
 
- Volta aqui amanhã que vou te operar e tu vais voltar a ser um ótimo atleta.
Vais poder jogar baralho, sinuca, dominó...
Nunca mais vais ser o mesmo.
 
Tentando reduzir a odisséia:
 
Eu havia sofrido um rompimento parcial do Tendão de Aquiles.
Caso fizesse a cirurgia, poderia estar apto a voltar às atividades em 3 meses.
Caso não optasse pela cirurgia, demoraria aproximadamente um ano ou mais para me recuperar e, ainda assim, com restrições.
 
Cabeçudo que sou e por não ter gostado do “Pica das Galáxias”, optei por não fazer a cirurgia.
 
Daí, fiquei meses e meses manquitolando.
 
Depois de um bom tempo passei a nadar e conheci uns bons amigos, os quais mantenho até hoje.
 
Mineiro, Malavasi, Sidney, Baltazar, entre outros.
O Baltazar me chamava de coxo...kkk Só andava mancando.
 
Neuzita foi minha muleta e bengala, durante muito tempo.
 
Consegui, muito aos poucos, me recuperar dessa lesão, andando muito por dentro do mar, com a Neuzita me servindo de bengala.
 
Voltei a surfar e até mesmo a dar umas corridinhas, com muita precaução.
 
 
Entrando no Triathlon sem perceber
 
Daí veio o convite do Mineiro, para que a gente fizesse um Biathlon.
Apenas 500m de natação e 3km de corrida no Gonzaguinha, em São Vicente.
 
Aceitei o desafio.
Fiz.
Até porque, a corrida desse tipo de prova não colocaria em risco meu tendão.
 
Depois, vieram outros desafios, como fazer os 10km A Tribuna.
E mais outros.
 
Daí, veio o Triathlon.
 
Primeiro o Short Triathlon do Troféu Brasil.
Eu com a minha bike de pedalar na rua.
 
Depois de vários, veio o Olímpico, também do TB.
Ganhei na minha categoria e me empolguei.
Passei a treinar sério.
 
Depois de muitos Olímpicos, o Fernando Rocha me convenceu a fazer o meio de Pira.
Fiz e quase “marri”... kkk.
 
E ainda depois, o Cláudio Miller me convenceu a fazer o Iron.
Fiz só 7 desses... kkk.
Ele se orgulhava de ter feito 5.
Dei na cabeça dele com mais de 15 anos de diferença. kkk
Esse cara é meu amigão até hoje e sempre.
 
Vieram várias participações no Internacional de Santos.
Ganhei em minha categoria, em 2018.
 
Vieram também vários meios, do Challenge, o qual também ganhei em 2017 e pude ir para o Mundial na Eslováquia em 2018.
 
 
Um dia, nos idos de 2000 e pouco, encontrei o “Pica das Galáxias” e pude lhe dizer:
 
- Lembras de mim?
Aquele que tu dissestes que, mesmo depois de operado, iria ser um ótimo atleta de sinuca, dominó, baralho?
Então...
Só pra te dizer que, realmente, tu não me operastes, mas eu me tornei um ótimo atleta.
 
 
O mote desta postagem é...
 
Nunca desistam! 
Só isso.
 
 
(Inspirado em uma publicação de Renê de Moura).
 
3AV
Marco Cyrino
 
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7 comentários:

  1. Faaaaala Marcão. Bora fazer uma minisérie? Primeira temporada futebol. Segunda temporada surf e terceira temporada o triathlon.
    Quem sabe a Netflix não se interessa. Abração

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    1. Conheces algum diretor ? Só vamos precisar de dublês, né ?....kkkk

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  2. Saudades meu brother!! Mês que vem tomamos um café pra relembrarmos as histórias dos treinos e provas. Conta a história da vaca ou cavalo, (não lembro) que invadiu sua pousada lá em pirassununga !!! E o tufão em floripa !! Eh eh

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    1. Pourra.......vem aqui em casa que te relembro tudo. Abração.

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    2. Aliás, Fernando, essas duas histórias estão aqui no Blog.

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  3. Parabéns. Sei até que médico foi esse que "desenganou" sua prática de esportes.
    Vivi isso, também.
    Espero que você permaneça nessa vibe.
    A vida é dura pra quem é mole.

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    1. Brigadão, Renê. A vibe continua a mesma. Mas a disposição....quanta diferença....rsrs. Tenho tentado, depois dessa ressaca de pandemia e a preguiça que se apoderou de mim, retornar. Estou me esforçando....mas tá difícil. Abração.

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