quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O melhor atleta e seus quatro pilares

Genética – Talento – Meio – Treinamento e Dedicação

O que faz um atleta ser o melhor em determinado esporte?
Uns dizem que a genética é fator preponderante.

Outros dizem que genética não é determinante, se não existir talento.

Outros afirmam que, com muito treinamento e dedicação, qualquer um se torna o melhor.

Ainda, existem os que afirmam que tudo e todos são frutos do meio em que vivem.

Como eu vejo...
Bom, não sou o dono da verdade, mas penso que o melhor atleta seja aquele que reúne todas essas condições, com mesmo nível de importância.

Como em uma construção, embora eu não seja engenheiro, o melhor atleta estará apoiado, como uma laje bem distribuída, sobre cada um desses pilares, os quais estarão muito bem sustentados, em suas fundações, por algo um tanto maior e intangível, que é o aspecto espiritual.

Falando de cada um dos pilares...

Genética
Dá para imaginar alguém com 1,60m, jogando basquete em alto nível?
Dá! Só que essa pessoa terá uma função bem específica, a de armador do time.

Agora, dá para imaginar alguém com 2,10m e 100 kg, vencendo maratonas?
Não. Não dá!

Certos esportes permitem que o atleta os pratique bem, mesmo sem ter determinada genética.

Dentro desses esportes, principalmente os coletivos, existem ainda as funções que se adaptam a vários tipos genéticos.

É o caso do Vôlei, que hoje tem um tipo de atleta não muito alto, mas muito rápido, que desempenha a função de líbero.

Da mesma forma, dentre outros esportes, o Basquete tem o armador, e o Futebol tem uma gama enorme de funções que se adaptam a distintos tipos físicos.

Entretanto, esportes como a corrida em curta distância (de explosão), corrida em longa distância (de fundo, ou endurance), natação (curta e longa distâncias), atletismo em geral, sem dúvida exigem que o praticante tenha o biótipo adequado.

E isto é genético.

Porém, genética não é só tipo físico.
Genética envolve também a forma pela qual se transmitem as características biológicas, de uma geração para outra.

E características biológicas incluem como o corpo de cada indivíduo se comporta em relação às mais diversas exigências, tais como aeróbias, anaeróbias, e tudo o mais, inclusive a predisposição a certas doenças.

Além disto, muitas vezes determinadas características não se transmitem de uma geração para aquela imediatamente seguinte, mas sim para uma segunda ou até terceira geração.
Isto explica porque muitas vezes alguém "puxa" os olhos verdes dos avós, sendo que os pais têm olhos castanhos.

A genética pode também não ser transmitida da mesma forma para irmãos. Caso contrário, todos os irmãos seriam idênticos. rsrsrs

Agora, que a genética tem papel fundamental em determinados esportes, tem sim!

O Triathlon não requer exatamente um tipo físico, mas sim um conjunto variável de características que envolvem a genética.

Talento
É um requisito básico.
Não há muito a dizer a respeito.
Ou a pessoa tem, ou não tem.
O atleta precisa ter talento, ou seja, aptidão, capacidade, para aquilo que pratica.

Talento se adquire com treinamento?
Não! Talento se lapida com treinamento.

Alguns esportes, mais do que outros, exigem mais talento do que outras características.
De novo, Futebol, Vôlei e Basquete representam bem essa classe de esportes.

Em outros esportes, principalmente alguns individuais, o foco nos outros pilares pode diminuir a importância do talento, mas não suprimi-la.

Entretanto alguns esportes individuais, como o Surf, fazem do talento um requisito simplesmente imprescindível.
Vide os exemplos de Kelly Slater (11 vezes campeão mundial), Mark Ochillupo, Tom Curren, Picuruta Salazar e outros.

Meio
O meio em que vivemos faz uma enorme diferença.
Para o bem e para o mal.

Um atleta "criado" em um meio propício terá muito mais chances de se tornar o melhor.

O meio inclui estrutura, monitoração, planejamento, companhia, família, meio ambiente, alimentação, dentre outros fatores.

A extraordinária influência do meio sobre um atleta me leva a pensar que, muitas vezes, para obtermos melhores resultados nos Triathlons de nível  internacional, nos falta justamente o meio mais propício (principalmente a estrutura) de que os atletas estrangeiros dispõem.

Longe de ser contraditório, mas reforçando esta tese... existem também situações muito especiais, com resultados notáveis (caso dos grandes maratonistas quenianos), em que as características genéticas específicas da população se somam a um meio que inclui condições geográficas e econômico-culturais também muito específicas, além de iniciativas para introduzir e aprimorar os jovens no esporte.  São possíveis muitas análises complexas, aqui...

Este pilar, por suas inúmeras facetas, pode gerar muita polêmica, mas é inegável a sua importância.

Cada uma dessas facetas poderá até render um post futuramente.
Se fosse falar a respeito de tudo aqui, este post se tornaria maçante.

Treinamento e Dedicação
Pode parecer que sejam 2 pilares, porém é um único, feito da mesma matéria prima.

Treinamento envolve dedicação.
Sem dedicação (foco, persistência, insistência, vontade, ou como queiram chamar), não há treinamento que traga excelentes resultados.
Só quem já treinou muito sabe o significado disto.

Treinamento também tem de ser adequado.
Nem demais, nem de menos.
Daí a importância de um profissional competente para nos orientar e até mesmo incentivar.
Evidentemente, quanto mais treinos, melhores resultados o atleta obterá.

Porém, não adianta treinar muito e mal.
Só trarão resultados os muitos treinos bem elaborados, bem planejados e bem executados.


Um bom atleta pode até não ter sua "laje" apoiada nesses 4 pilares.
Talvez, com muito empenho e talento, ele acabe sendo um bom atleta.

Um ótimo atleta pode prescindir de um dos pilares (talento, genética ou meio), mas terá de se esforçar muito nos 3 pilares restantes.

Já, o melhor atleta dificilmente poderá abrir mão de qualquer um desses pilares.

Marco Cyrino

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