quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Tempos de recuperação para treinos intervalados perfeitos


Após 4 Ironmans consecutivos (2009 a 2012), resolvi não competir em 2013, por uma série de circunstâncias que já abordei.

Quero aproveitar este ano para, entre outras coisas, surfar mais, me divertir mais (não que não seja possível se divertir treinando para o Iron), e voltar a ter tempo para melhorar minha velocidade.

Para este último item (velocidade), nada melhor do que os treinos intervalados, em qualquer modalidade.

Também chamados de séries ou tiros, existem vários tipos de intervalados que acrescentam qualidade, técnica e velocidade à sua natação, ciclismo e corrida.

Lendo sobre o assunto, deparei com este excelente texto que decidimos traduzir e adaptar para os nossos leitores.

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Tempos de recuperação para treinos intervalados perfeitos

Jim Rutberg, treinador Pro da CTS, tem algumas dicas sobre como assegurar que você se recupere adequadamente, durante os treinos de séries.

Todos gostam de treinos de séries (certo?), mas não é somente o trabalho que você está fazendo que conta. A recuperação entre séries também é importante. O treinador da CTS, Jim Rutberg, explica como isto funciona.

Então, você está pronto para sair para o seu treino.

Você tem alguns géis no bolso, sua bike está brilhando ao sol, com uma garrafa de água e uma garrafa de sports drink, seus óculos escuros estão sobre o capacete posicionado sobre o guidão, e seu monitor de freqüência cardíaca ou powermeter está tranquilamente à espera, para gravar cada bit de dados.

Bom trabalho!
Você tem todo o equipamento correto.

Mas, e sobre o timing do seu treino --- especificamente, sobre os tempos de recuperação que você está tendo entre séries?

Assim como as séries com diferentes durações conduzem a adaptações psicológicas únicas, a manipulação do tempo de recuperação entre séries poderá também modificar as demandas (e, portanto, os resultados) dos seus treinos.

A grande questão é ...

O quanto de recuperação você precisa, para chegar aonde deseja? 

Cenário 1: Série super-curta - recuperação longa (em relação à série)
Séries [tiros] com duração de apenas 5 a 15 segundos são quase sempre feitas a uma intensidade super-elevada.
Estamos falando sobre o seu ciclismo ou corrida, ou largadas a partir da inércia, e acelerações na bike.

Para obter o máximo proveito de cada esforço, você tem de ser capaz de produzir potência máxima, implicando em que o período de recuperação entre os esforços deverá permitir que os seus músculos sejam completamente recarregados.

Tais séries curtas e intensas mobilizam o seu sistema ATP-CP, mais conhecido simplesmente como o "sistema de energia imediata". Simplificando muito o que acontece em seus músculos, você "queima" o ATP disponível [trifosfato de adenosina, a "moeda corrente" de intercâmbio de energia celular] durante uns poucos segundos... e o CP [fosfato de creatina] recarrega as reservas de ATP dos músculos, para tornar novamente disponível essa importante fonte de energia.

É por isto que, entre os sprints [tiros], você deveria ter de 5 a 8 minutos de recuperação em caminhada / jogging / spinning leves.

Cenário 2: Série curta - recuperação curta
Estes são tipicamente os seus treinos de maior intensidade, como as séries de trabalho de velocidade e de VO2.

O objetivo é fazer com que um atleta se adapte a esforços máximos repetidos e, para que isto seja eficaz, é necessário que os períodos de descanso entre séries sejam propositalmente curtos, a ponto de não permitir uma recuperação completa.

Isto significa que os períodos de descanso devem ter a mesma duração ou ser mais curtos do que o período de trabalho.

Felizmente, essas séries não precisam ser muito longas (de 30 segundos a 3 minutos), pois o seu objetivo é adicionar mais séries ou adicionar mais um conjunto de séries, em vez de levar esses esforços a atingirem 5 minutos de duração.

Cenário 3: Série longa - tempo de recuperação de 50% a 100%
São treinos destinados a melhorar o seu ritmo máximo sustentável.
Apresentam tipicamente séries com 8 a 20 minutos de duração, às vezes até mais.

A intensidade dessas séries, normalmente, está no seu limiar de lactato (ou um pouco abaixo dele), e a idéia é acumular o máximo de tempo possível sob essa carga de trabalho, a fim de forçar seu corpo a se adaptar.

Se você estiver objetivando correr mais rápido uma maratona, ou fazer mais rápido as 100 milhas de ciclismo [century], estas são séries com as quais você deve (ou deveria) estar muito familiarizado.

A recuperação adequada entre os esforços - situada em qualquer ponto entre 50% e 100% da duração do período de trabalho - permite que você mantenha a correta relação intensidade / pace, em sua segunda, terceira, e talvez até mesmo uma quarta série.

A maioria dos atletas iniciantes pode começar com séries de 8 minutos, com 8 minutos de recuperação, mas, à medida que você chegue aos 12 minutos (e além), você irá diminuir os tempos de recuperação a 50%, ou seja, séries de 12 minutos separadas por 6 minutos de recuperação.

Os atletas costumam cometer o erro de encurtar os seus períodos de recuperação durante esses exercícios, pois se sentem bem descansados antes do momento previsto para iniciar a próxima série...
E pagam caro por isso, quando enfraquecem antes do que deveriam, devido à fadiga.

Não me importo se a sua segunda série não lhe parece forte o suficiente. Eu me importo que você tenha a energia para completar a sua quarta série com a relação apropriada de pace / potência!

Cenário 4: Série super-longa - sem recuperação
Nenhuma recuperação? Isto é simplesmente cruel.

Na verdade, há ocasiões em que o período de trabalho de uma série é tão longo, que você só precisa fazer uma.

É este o caso da corrida ou ciclismo sob uma intensidade aeróbica constante.
A intensidade está acima do seu "ritmo normal de cruzeiro", mas você ainda está bem, dentro da capacidade do seu sistema aeróbico para suprir a energia necessária.

Para serem eficazes, esses períodos de trabalho precisam ser muito longos e, de preferência, sem interrupções - você deseja acumular o máximo de tempo contínuo possível, sob esse nível de esforço.

Para iniciantes, estes esforços são muitas vezes divididos em duas, ou até três séries. Mas, os corredores, ciclistas, e até mesmo nadadores mais experientes, se beneficiam mais ao fazê-los com longa duração [de uma vez só].


De fato, um conjunto de séries perfeitamente estruturado não lhe trará benefícios, se você não estiver devidamente alimentado.

Um bom começo é um lanche pré-treino, rico em carboidratos.

Durante os treinos inferiores a 60 minutos, concentre-se nos líquidos e eletrólitos durante o treino, mas não em calorias.
Você já inicia com calorias suficientes para superar até mesmo o mais difícil treino de uma hora.

Para os seus treinos mais longos, você deverá ingerir carboidratos, fluidos e eletrólitos, para obter um desempenho consistente da primeira à última série.
Para a maioria dos atletas, durante treinos de 1 a 4 horas, recomendo uma bebida eletrolítica [isotônica], juntamente com as calorias dos géis.
Isto permite que você equilibre o seu consumo de fluidos e eletrólitos com a sua taxa de transpiração, enquanto mantém a sua ingestão calórica mais estreitamente ligada ao seu gasto energético (20% a 25% do gasto calórico horário).

E a sua alimentação pós-treino irá ajudá-lo a se recuperar e a estar pronto para outra sessão de treinos de alta qualidade no dia seguinte.

Então, pode sair. Os treinos estão esperando por você!

Texto original de Jim Rutberg, Treinador Pro da CTS, publicado em www.ironman.com: Recovery Timing for Perfect Intervals

Tradução e adaptação - 3AV
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Voltando...

Em complemento a este post, estamos elaborando matéria sobre o que se poderia chamar de "um upgrade aos treinos intervalados", para uso nas provas.
Aguardem.

Marco Cyrino

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