terça-feira, 30 de junho de 2015

Troféu Brasil 3ª Etapa - USP São Paulo - Relato do Editor



Passadas décadas, desde o final da Poli, foi bom rever um fragmento do campus da USP.

Meu apurado senso de orientação exigiu usar o GPS (minha esposa, Jussara), tanto para chegar ao CEPEUSP quanto para, ao final, reencontrar o carro no estacionamento.

Há tanto tempo na editoria do 3AV, publicando Relatos de Provas, valeu a pena sair de casa com 12 a 13 graus de temperatura ambiente (Zona Oeste de Sampa), para presenciar o meu Iron Mano em ação, e vivenciar o ambiente de uma prova de Triathlon bem organizada.

Confuso
Logo de início, caminhando rumo à Raia Olímpica, chegando para a largada marcada para 08h40, começamos a ver atletas entrando na área de transição, onde estavam as bikes, saindo para pedalar, outros já zunindo no pedal.

Não entendi a coisa, até descobrir que já estava em andamento a prova de Short Triathlon, cuidadosamente sincronizada com as largadas (Pro e Amadores) da prova de Triathlon Olímpico.


Embora procurando captar o máximo possível da prova, o timing deste relato está relativamente vinculado ao acompanhamento da prova do Marcão.


Largada
Well, apertamos o passo para presenciar a largada dos Amadores.
Chegamos à raia quando alguns atletas terminavam de "provar" a água (que, pelos meus cálculos,  deveria estar a uma temperatura de 7 a 9 graus Celsius) e corriam para área de largada.

Largaram com um ânimo inacreditável para quem imagina o que seja estar imerso naquela água de geladeira.

Familiares, amigos e afins, todos entusiasmados, incentivando, filmando e fotografando, mesmo de contraluz, com o Sol incidindo nas lentes...

Importava, isto sim, registrar o momento e estimular os atletas.

Natação
Assistimos à saída dos Pros para a transição natação - pedal (tudo muito bem sincronizado) e às 2 voltas dos Amadores, na Raia Olímpica (percurso total de 1500 m).

Na passagem da 1ª para a 2ª volta, já havia distâncias definidas entre certos grupos de nadadores e entre nadadores isolados, o que não afetava a disposição de alguns atletas que, a partir dali começavam a imprimir mais ritmo à sua natação.

Do que pude observar, mesmo em alguns grupamentos mais densos, prevalecia o fair-play.

Ainda, começava a se evidenciar a determinação que move um Triathleta...
Um(a) atleta isolado(a), muito atrás de todos os demais competidores, mantendo um ritmo lento, a distância para os demais aparentemente aumentando, mas, o ritmo das braçadas persistia.
O Marcão já saía da água, quando esse(a) atleta estava chegando à bóia, lá na extremidade oposta do percurso.

Ciclismo
Muitos atletas saiam da raia aparentemente tontos, o que certamente se agravava devido à temperatura da água.
Além da avaria no giroscópio, notava-se também aquele pisar "chapado", de pernas que se recusam a obedecer.

Recusam?  Que nada!
Triathleta de verdade chega à transição, mesmo que seja engatinhando.

A partir da saída para o Ciclismo, passamos a circular um pouco, observando tudo.
Depois, acompanhando a Neuza (Iron Wife) e o Silvão, caminhamos para pontos estratégicos em que poderíamos ver as passagens de bike (4 voltas totalizando 40 km).

Meu coração de engenheiro se preocupou bastante com os ruídos de algumas bikes que eu desmontaria e ajustaria de bom grado (não, não era o som normal das rodas fechadas, nem de pneus com sobrepressão, mas uma vibração e um "arranhado" que só algumas apresentavam).

Ainda, duas incursões de ambulâncias pela contramão dos ciclistas (como provavelmente deve estar prescrito no regulamento da prova), mas causando grande preocupação devido à ausência de cones de delimitação (na reta em que estávamos, antes da transição) e inclusive pela presença de ciclistas não atletas, alheios à prova e ao regulamento (pudemos ver um "bonézinho" pedalando placidamente, e depois uma família, dois adultos e uma criança).

Corrida
Novamente atletas chegando / saindo da transição com o incentivo de parentes, amigos, treinadores etc.

Alguns informando, aos brados, a quantos minutos se encontrava o competidor à frente, sem faltar o clássico "vai firme, vai que dá pra alcançar".

Durante a transição, atletas levando as suas bikes "na mão" e procurando correr com pernas que insistiam em ainda pedalar.

Insistiam? Que nada!
Triathleta de verdade chega à transição, mesmo que seja pedalando em falso.

Na etapa de corrida é que podemos observar melhor determinados aspectos dos atletas.

Habituado aos tempos dos treinos do Marcão, fiz meus cálculos de tempos para a prova, em cada uma das modalidades, errando por bem pouco.

Praticamente acertei o tempo da chegada para a 2ª volta de corrida.
Porém, uma (quase) surpresa... ele chegou mancando feio... uma conhecida lesão na coxa esquerda, quase curada pouco tempo antes desta prova, mas com boa probabilidade de se manifestar num Triathlon Olímpico realizado sob clima razoavelmente frio.

Quando observei a dinâmica da passada (?), pensei "pode ser contratura, mas tem jeito de distensão: ferrou!"

Ferrou? Que nada!
Triathleta de verdade faz a volta final, mesmo que seja saltitando como saci.

E assim foi... e assim ele foi para a segunda volta.

Refiz meus cálculos, dando os devidos descontos... um tempo alto e um tempo otimista.
Comentei esses cálculos com a Jussara e com a Neuza.
Fiquei surpreso porque ele veio para a chegada, bem próximo do tempo baixo recalculado.

Não importa qual foi o tempo, mas soltei um "Dá-lhe Marcão! Venceu a dor!"

E assim é... mesmo o mais circunspecto irmão se entusiasma...


Geral
Como mencionei antes...
Na etapa de corrida é que podemos observar melhor determinados aspectos dos atletas.

Nessa fase, já cumpridas duas etapas extenuantes, revelam-se as condições atléticas (na prova que se observa, claro) e, freqüentemente, os erros e acertos de estratégia.

Além, obviamente, daqueles que passaram ainda "lépidos", pude observar atletas cujo estado físico parecia próximo (talvez além) do limite de exaustão, e que rumavam ainda para a derradeira volta (2 voltas de 5 km cada).

Esses mesmos atletas, e outros que não havíamos notado, vinham depois para a chegada transpirando uma luta entre dois elementos físicos - (distância ainda a percorrer + condição física) e um elemento abstrato denominado determinação, algo que resulta da decisão de fazer e concluir uma prova de Triathlon.

Quando íamos embora, já ocorrida a premiação, cruzamos ainda com dois desses exemplos, "correndo lentamente" na reta que leva ao pórtico que representaria sua vitória contra tudo o que "tentou demovê-los" naquele dia.


Finalmente
Devido a compromissos de ultima hora, Marcão e Neuza precisaram cancelar a visita que fariam à nossa casa.
Assim, o troféu de 2º Colocado na Categoria ficou sob minha custódia, podendo ser resgatado quando e somente quando tal visita se concretizar.


Parabéns a todos os que tornam possíveis eventos como esse, de competição, superação, confraternização - organizadores, atletas, familiares, amigos e afins.

Editor 3AV
Alfredo Cyrino


5 comentários:

  1. Família de triatleta é assim, nada, pedala e corre junto, e ainda tem fôlego pra gritar e apoiar.
    Quando não aparece, faz falta. Belo relato do brother!

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  2. Agradeço por terem gostado, Marcão, Neuza, Renê.
    Quando existe algo de bom para se apreciar, fica fácil escrever a respeito.
    Abrs a todos.
    Alfredo Cyrino

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  3. Mas tava frio, hein ?

    Que nada. Amigo de triatleta não sente frio, acompanha feliz os perrengues dos parceiros.
    Marcão mandou bem demais e valorizou mais um troféu para a galeria dos acrílicos.

    E a USP é linda, hein ... vastos campos verdes que abrigam prédios que poderiam receber um cuidado adequado da reitoria da centenária universidade. Ainda assim, aquele lugar emana a paz, a tranquilidade. Foi realmente um domingo abençoado, com a presença de antigos e novos amigos, reverberando a felicidade e a irmandade, cada um com suas peculiaridades, mas todos com o sorriso pregado nos rostos.

    Agora cabe ao "mano Marcão", qual a USP, não deixar o troféu envelhecer esquecido na casa do fiel parceiro e antecipar o quanto antes a prometida visita.

    E que venha setembro. Evidentemente, como bom torcedor, é claro !

    Parabéns, Marcão, mano, esposa, Neuza e toda galerinha do 3AV que curte o blog e o Marcão.

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  4. Essa prova vai ficar como uma das (senão a) melhores que já fiz.
    Não estou falando da prova em si muito menos de resultados.
    A vibe.
    Os comentários acima, inclusive de quem não foi, como o Renê, refletem o que quero dizer.

    Não demora vamos, Neuza e eu, resgatar esse troféu lá atrás da USP, na casa do mano.
    Literalmente vou poder falar pra ele: " - Perdeu, mano"......rsrsrs

    Valeu muito, galera.

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